Brasil: O que tira meu sono?
Confesso que tenho dormido bem, mesmo diante das incertezas
e desafios do cenário internacional. Contudo, nas últimas semanas, surgiram
alguns sinais um pouco mais mistos – para não dizer mais negativos – em torno
do crescimento do Brasil.
É importante deixar claro, logo no começo deste texto,
que meu cenário base ainda é de um crescimento na casa (em torno de) 2% este
ano. Acho que qualquer coisa entre 1,7%-2,3% seria um número satisfatório do
ponto de vista dos mercados e das recomendações de alocação.
Todavia, já estou cansado de saber que o mercado
opera em narrativas e, caso tenhamos mais alguns dados negativos de crescimento
– como tivemos as Vendas no Varejo, a Produção Industrial, a ANFAVEA – podemos sair
da narrativa da “recuperação” para a narrativa do “Brasil não cresce”.
Caso isso ocorra, podemos ter, mesmo que
pontualmente, uma correção, uma realização de lucros, mais rápida e acentuada
dos ativos locais. Este pano de fundo pode gerar diversos tipos de análises,
tais como:
O Governo entrará em desespero e irá abandonar sua
agenda liberal; a esquerda poderá voltar a poder em 2022; Paulo Guedes irá cair;
o BCB precisa cair ainda mais das taxas de juros, pressionando o câmbio; a
bolsa está “esticada” e assim por diante.
Tudo isso pode acontecer, em um cenário alternativo,
nos próximos meses. O desafio será entender se este momento, este eventual
movimento e essas interpretações, serão apenas ruídos ou uma mudança de sinal.
Por ora, ainda é cedo para fazer este tipo de análise,
mas meu papel sempre será entender as fases do ciclo econômico, os riscos em
torno do cenário base e como se comportar e se posicionar diante destes riscos.
No final do ano passado, por uma questão de
risco/retorno, fizemos algumas proteções para as carteiras que permitem este
tipo de alocação e os clientes que se sentem confortáveis com isso. Continuamos
confortáveis com este tipo de posicionamento, enquanto seguimos com bastante
alocação em renda variável.
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