Daily News – Um update de cenário

A semana passada foi bastante dura e negativa para os ativos de risco em geral, a despeito de uma sexta-feira com alguma recuperação.

 

Não há novidades relevantes no cenário internacional. A confluência de vetores negativos continua a ditar uma dinâmica de ajuste de posições e valuations:

 

·         Nos EUA, vimos uma inflação ainda elevada. Não parece haver alívio para o Fed nesta direção;

·         Na China, dados de crescimento que demandam atenção redobrada e uma política de Covid Zero que ainda parece longe do fim. Isso continua a colocar perspectivas negativas para o cenário econômico. Há sinais de arrefecimento na caçada regulatória contra empresas de tecnologia, mas isso parece ser insuficiente para mudar o humor em relação a economia chinesa;

·         A guerra na Ucrânia está longe do fim, o que traz pressão variadas de preços e crescimento para o mundo e, especialmente, para a Europa.

 

Pelas minhas conversas em NY, uma das coisas que me chamaram a atenção é que existe um humor mais negativo para os mercados (Wall Street), mas estamos longe do negativismo de outras crises, como 2008. A economia americana segue bastante robusta, ainda. “Main Street” ainda está saudável. Há dúvidas maiores em relação à China e a Europa.

 

Por ora, a maior preocupação ainda é a inflação. O impacto no mercado tem mais a ver com valuation, posição técnica e liquidez. Não há, aparentemente, nenhum risco sistêmico que o mercado esteja mapeando. No geral, balanço de famílias e empresas estão saudáveis.

 

Minha impressão é que já existe um viés negativo grande de curto-prazo e parte das posições já reflete isso. Assim, melhoras pontuais e acentuadas, como a de sexta-feira serão normais.

 

Todavia, para uma mudança de dinâmica e de cenário, precisaremos que um ou alguns dos vetores citados acima sejam endereçados. A questão da inflação e dos juros continua sendo o principal destes vetores.

 

A solução ou arrefecimento desses vetores pode gerar retornos altos, em curto espaço de tempo.

 

Neste momento, sigo cauteloso com cenário, mas acreditando que o cenário será de volatilidade. Gosto de manter posições “core” e fazer proteções táticas quando o mercado permitir.

 

No começo da semana passada, zeramos nossas proteções de Ibovespa e S&P, de maneira tática. Como estamos com muito caixa nas carteiras internacionais, fizemos uma pequena alocação em S&P, Não mudamos de visão, ainda espero um ambiente volátil e hostil. A depreciação recente dos mercados, todavia, nos faz sermos mais ativos na administração das proteções, colocando lucros relevantes no bolso.

 

No Brasil, o destaque ficou por conta de dados mais robustos de crescimento, o que levou grande parte das casas de “sell-side” a revisarem suas expectativas de PIB para este ano para algo na casa de 1.5%. Essas expectativas estavam mais próximas de zero anteriormente.

 

Isso acabou ajudando, mesmo que parcialmente, algumas ações cíclicas locais ao longo da semana, especialmente nomes que estavam excessivamente “amassados” nos últimos meses. Ainda me parece cedo para afirmar que o pior já passou, mas bastante coisa ruim já está precificado no mercado local de ações.

 

Não espero uma recuperação rápida ou de curto-prazo neste flanco do mercado, mas precisamos estar atentos aos sinais...

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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