China - Cenário, Mercados e Bolsa

Nas últimas semanas observamos uma forte queda nas ações de tecnologia de empresas chinesas, especialmente aquelas com ações listadas nas bolsas dos EUA.

 

Primeiro, precisamos contextualizar o cenário econômico. No curto-prazo, a China está em um ciclo econômico mais avançado do que as demais regiões do mundo, já que conseguiu endereçar a pandemia de forma mais rápida e mais estrutural do que os países ocidentais.

 

Assim, o país conseguiu mostrar uma recuperação de crescimento já no final de 2020, com o seu mercado de ações sendo um dos grandes destaques positivos no ano passado. Com uma economia mais sólida e a pandemia controlada, a China iniciou este ano um processo de ajuste de política monetária, fiscal e creditícia, para evitar um superaquecimento econômico em setores específicos.

 

As medidas começaram a surtir efeito e, nos últimos meses, começamos a verificar uma acomodação do crescimento, ainda em patamares altos, do crescimento da economia.

 

Vale destacar que o país lida, ao mesmo tempo, com alguns problemas, por ora pontuais, no mercado de crédito e em setores específicos da economia, o que levou a abertura de taxas e spreads de crédito no país. Isso acarretou em um aperto das condições financeiras e, consequentemente, um “vento contrário” adicional ao crescimento.

 

Em paralelo a estes movimentos, no mercado de corporativo, o regulador chinês iniciou um processo mais amplo de análise, regulamentação e intervenção nas grandes plataformas de tecnologia do país, muitas delas com ações em bolsa (local e internacional), outras próximas ao IPO e, muitas delas, com grandes investidores internacionais.

 

Este movimento, em especial, causou forte queda no preço das ações dessas empresas, como podemos ver abaixo no ETF de empresas de tecnologia chinesas (CQQQ US Equity), que cai quase 30% dos picos recentes:




Acreditamos que, neste momento, precisamos separar o curto-prazo do longo-prazo. No curto-prazo entendemos que o cenário se mostra mais turvo, tanto em termos econômicos quanto em termos regulatórios. Esperamos mais volatilidade e, eventualmente, novas rodadas de pressão nesses ativos.


No longo-prazo, contudo, acreditamos que a China e as empresas de tecnologia chinesas continuarão na vanguarda do avanço tecnológico mundial. A questão regulatória deve ser superada e endereçada. Parte dos riscos regulatórios já parecem estar embutidas nos atuais preços.


Assim, acreditamos que estamos em uma janela de oportunidade para elevar as alocações nesta classe de ativos, de maneira gradual e parcimoniosa. Como não saberemos o tamanho do movimento de correção, e ele pode ser bem mais acentuado e duradouro, gostamos sempre de fazer estes movimentos de alocação em etapas.

 

Não queremos minimizar aqui os riscos de curto-prazo e os desafios que teremos pela frente, mas precisamos estar atentos às oportunidades e atuar quando elas parecem estar diante de nós.

 

Existem excelente Mutual Funds, líquidos, para carteiras offshore, assim como “feeder funds” desses fundos localmente para aqueles que buscam exposição a esta tese de investimentos.

 

Não somos analistas de ações e nem especialistas no tema, mas quando olhamos para empresas chinesas como a Alibaba, uma gigantesca plataforma de tecnologia chinesa e global, vemos como já ocorreu um enorme “de-rating” de sua ação (vide abaixo), que já negocia a múltiplos abaixo de sua média histórica, abaixo de seus pares internacionais e bem abaixo de outras empresas de “crescimento” e “tecnologia” do mundo:




Outras empresas e ações de tecnologia chinesa apresentam cenário bastante semelhante a este, como é o caso da Tencent:




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