Daily News – Atualização de Cenário:
Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento positivo verificado na sexta-feira, após dados bastante robustos do mercado de trabalho nos EUA.
A economia americana adicionou quase
1mm de vagas de trabalho no mês. Como o país está vacinando quase 5mm de pessoas
por dia, as expectativas são de que uma normalização social e econômica seja
ainda mais acelerada nos próximos meses:
Continuo vendo os mercados flutuarem
entre dois ambientes distintos ao longo do ano. Primeiro, o cenário que tem
prevalecido no curto-prazo, onde a normalização econômica e social gera
expectativas de um crescimento mais robusto e estrutural, sem pressões
inflacionárias correntes e com uma liquidez global ainda abundante.
Este cenário é visto como positivo
pelos ativos de risco, no termo em inglês cunhado como “Goldilocks” e acaba
gerando uma busca global por ativos de risco (“risk-on”).
No segundo cenário, as expectativas
de crescimento levam a um receio de um erro de política econômica e fiscal, com
o excesso de liquidez gerando expectativas de inflação mais alta no futuro não
muito distante. Isso levaria o mercado a precificar uma retirada antecipada da liquidez
global, levando a altas mais rápidas e acentuadas das taxas de juros.
Neste ambiente, os ativos mais
dependentes de juros baixos acabam sofrendo, especialmente em um pano de fundo
em que valuations e posição técnica são menos triviais do que no passado. Isso
poderia levar a momentos pontuais ou até mesmo uma nova tendência mais
desafiadora para os ativos de risco em geral.
Por ora, este segundo cenário tem
acontecido apenas de forma pontual e afetando nichos específicos do mercado,
mas virar, mas tendência em algum momento do tempo.
Vale reforçar os sinais inequivocamente positivos do crescimentos globais advindos dos PMI´s, indicador de confiança de maior aderência de curto-prazo e mais “online” existente para acompanharmos a direção e velocidade do crescimento:
No Brasil, o foco continua nos desafios
fiscais e no combate a pandemia. No tocante ao fiscal, segundo a mídia, há acordo
entre Executivo e Legislativo para rever o orçamento e torná-lo exequível: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2021/04/03/economia-e-lideres-do-congresso-concordam-em-rever-gastos-no-orcamento-e-buscam-ajustes-diz-fonte.htm.
Na sexta-feira, os ativos locais
sofreram com novos rumores da potencial saída de Paulo Guedes do governo. Não houve
continuidade do assunto de forma mais concreta no final de semana.
No que tange a pandemia, continuamos
a viver um cenário ambíguo, em que os números de novos casos, internações e
óbitos ainda é elevadíssimo e trágico, mas o processo de vacinação começa a
ganhar tração.
Há sinais incipientes de recuo da
pandemia. Contudo, devido ao feriado, devemos esperar alguns dias antes de
conclusões precipitadas.
O presidente do BCB concedeu
entrevista ao Estadão, onde coloca de forma clara sua visão sobre a economia.
Fiquei com a impressão de que a barra para uma alta diferente de 75bps no
próximo Copom é relativamente alta: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,impasse-no-orcamento-agrava-a-incerteza-fiscal-diz-presidente-do-bc,70003669648.
Uma deterioração fiscal mais aguda,
contudo, pode levá-lo a um ciclo total de alta de juros mais elevado do que o
imaginado anteriormente, mesmo que isso não seja o plano de voo de curto-prazo.
Continuo achando excessivo os prêmios
da curva curta de juros, mas entendo que sem um ajuste fiscal coerente, este
mercado continuará bastante frágil e volátil no curto-prazo. Lembrando que a
curva de juros já precifica uma Taxa Selic superior a 9,5% em um horizonte de
menos de 2 anos!
Essa semana teremos ainda uma série
de leilões de infraestrutura no país, onde poderemos medir a temperatura por
ativos locais. As expectativas são de baixa adesão de investidores estrangeiros,
o que trará uma enorme oportunidade para operadores locais.
Os ativos devem apresentar pouca
competição e, consequentemente, retornos maiores para aqueles com apetite a
risco Brasil.
*As análises e
opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão
institucional.
Dan
H. Kawa
CIO
TAG Investimentos
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