Daily News – “The Winter is coming...”

As bolsas globais estão apresentando uma tentativa de recuperação, após forte “sell-off” ontem. Contudo, os sinais de fragilidade continuam aparentes, com o dólar ainda misto no mundo e as commodities pressionadas.

 


O destaque da noite ficou para a decisão do Copom no Brasil, que manteve a Taxa Selic estável e 2%, como era amplamente esperado. O BCB optou por manter a estrutura básica de seu comunicado, promovendo mudanças apenas marginais em sua mensagem.

 

Havia alguma expectativa de que o BCB pudesse adotar um tom mais neutro diante da alta corrente da inflação e do aumento dos riscos fiscais. Assim, a decisão foi vista como “dovish” pela maior parte do mercado.

 

Espero um “steepening” da curva de juros e uma pressão adicional altista no dólar.

 

Não cabe a mim avaliar o trabalho do BCB, apenas tentar prever o que será feito e seus impactos no mercado. Eu, particularmente, acredito que o Brasil não tenha estrutura econômica para suportar uma Taxa Selic em 2% por muito tempo.

 

Eu entendo os argumentos do Copom para a manutenção dos juros neste patamar, mas acredito que os riscos em torno do cenário são crescentes e não desprezíveis. Ao que tudo indica, contudo, o BCB vai optar por ser reativo e não proativo diante desses riscos.

 

Acredito que este BCB é sério, crível e técnico. Se ele está adotando essa postura, é porque acredita em seu cenário. Ele não irá se furtar em “virar a mão” caso veja que o cenário mudou ou que ele esteja errado.

 

Todavia, ele pode sim ter uma avaliação errada e apenas ex-post perceber isso. O que configuraria um “erro de avaliação” e tornaria seu trabalho futuro mais difícil.

 

“Os mercados” estavam relativamente tranquilos com a “segunda onda” da pandemia, pois esta vinha sendo menos letal e controlada de forma mais pontual e localizada.

 

Nos últimos dias, a explosão de casos na Europa acabou levando diversos países a adotarem medidas mais agressivas de distanciamento social e fechamento econômico mais amplo.

 

Por mais que as medidas sejam mais amenas do que aquelas verificadas no começo do ano, o impacto negativo no crescimento já está dado. A Europa já sente os efeitos colaterais no crescimento desta “segunda onda”:



Diante disso, estamos vendo uma maior volatilidade e correção dos mercados.

 

Esperamos um curto-prazo de maior volatilidade e incerteza. Por alguns momentos, podemos ter a sensação de que voltamos no tempo e poderemos viver um novo “março de 2020”.

 

Ainda estamos distante da normalidade e de uma clara recuperação mais vigorosa em todas as regiões do mundo:



Contudo, a despeito do aumento expressivo dos riscos, o cenário base ainda é de que esta “segunda onda” possa ser controlada e o mundo possa reabrir daqui a 15-30 dias.

 

Não podemos minimizar os riscos, mas tampouco entrar em um pânico generalizado.

 

Nossas carteiras estão mais diversificadas do que no começo do ano, com menos crédito privado High Grade e menos Fundos Multimercados e, naqueles veículos que permitem, estamos com proteções para o final deste ano, nos mercados de dólar, Ibovespa e S&P.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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