Daily News – Recuperação em forma de “W”

Os ativos de risco ainda mostram sinais de fragilidade após uma segunda-feira de aversão a risco generalizada. Podemos resumir o cenário dos últimos dias em três vetores:

 

(1) Piora na pandemia na Europa e EUA

(2) Eleição americana indefinida

(3) Lucro ruim da SAP, maior empresa da Alemanha, cuja ação caiu perto de 20% ontem. Era uma empresa de $150bi de “market-cap”, então é bem expressivo.

 

Vejam como o VIX – importante indicador de volatilidade do mercado – mostra sinais de incerteza com sua alta:



Acredito que estamos diante de um novo ciclo da pandemia. Por mais que seja menos letal do que o anterior, e a sociedade aprendeu a lidar com ela (de certa forma) com tratamentos mais robustos e medidas de prevenção de mais fácil implementação, é inevitável que o crescimento seja afetado no curto-prazo.

 

Veja como a mobilidade no Reino Unido já mostra tendência de queda:



Diante disso, sigo esperançoso de que teremos uma vacina no ano que vem. Acho que o timing é mais para final do primeiro trimestre do que o começo do ano. Isso deverá ser visto como positivo.

 

No curto-prazo, contudo, os desafios são enormes e o viés deve ser mais negativo. Estamos vivenciando uma segunda onda em um momento de fragilidade da sociedade e dos países, onde muitos governos já apresentam pouco poder de reação com gastos públicos.

 

Passada a “parada brusca” da economia em fevereiro-abril, vivemos a “recuperação em V” de abril a agosto. De setembro para frente, entramos no terceiro ciclo econômico deste ano, em que a recuperação se mostra mais errática e heterogênea entre setores da economia e regiões do mundo.

 

A “segunda onda” da pandemia aumenta a probabilidade de observarmos um “double-dip” do crescimento e o formato da recuperação se mostrar mais parecido com um “W” do que com um “V”.

 

Em alguns momentos, poderemos ficar com a sensação ruim de que podemos estar diante de uma recessão mais longa e aguda.

 

Na Turquia, um país de fundamentos duvidosos, a moeda continua sua rápida e acentuada tendência de depreciação:



No tocante a eleição nos EUA, tenho receio do impacto de uma vitória de Biden na bolsa dos EUA. Podemos ter um efeito inicial negativo especialmente, no setor de tecnologia, que é a maior representatividade dos principais índices de bolsa americanos.

 

No longo-prazo, vejo novas tendências e teses de investimento surgindo, mas o impacto em alguns setores – como Tech – pode afetar o humor em prazos mais curtos.

 

Nos EUA, atenção deve ser dada a posição técnica do mercado de juros, onde os gestores parecem muito “vendidos” em PU (tomados em taxa) na parte longa da curva:

 


No Brasil, seguimos em um vácuo de medidas concretas e estamos a mercê do cenário internacional.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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