Daily News – Risk-Off!

Os ativos de risco estão apresentando forte aversão a risco essa manhã. O movimento está sendo liderado pelas bolsas da Europa, após rumores de implementação de novos “lockdowns” nacionais na região (em especial na França).

 

Vejam com o DAX já voltou aos níveis de final de maio e “não sai do lugar” desde então:




Importante observar a trajetória do índice de bancos europeus, que testa seu piso histórico. Não costuma ser um sinal positivo para o sistema financeiros global:



Vejo alguns vetores determinando a dinâmica do mercado no curto-prazo. São eles: 

(1) Piora na pandemia na Europa e EUA

(2) Eleição americana indefinida

(3) Lucro ruim da SAP, maior empresa da Alemanha, cuja ação caiu perto de 20% ontem. Era uma empresa de $150bi de “market-cap”, então é bem expressivo.


Acredito que estamos diante de um novo ciclo da pandemia. Por mais que seja menos letal do que o anterior, e a sociedade aprendeu a lidar com ela (de certa forma) com tratamentos mais robustos e medidas de prevenção de mais fácil implementação, é inevitável que o crescimento seja afetado no curto-prazo.

 

Olha o tamanho da “segunda onda” na Itália:



Vejam como a mobilidade global já mostra tendência de queda:



O contínuo movimento de depreciação da Lira Turca (TRY) é mais um sinal de alerta para o Real (BRL):



No Brasil, estamos em um momento de poucos avanços concretos, as vésperas das eleições municipais. A pouca (ou nenhuma?) articulação do governo no Congresso prejudica o andamento da agenda de reformas e vai deixando o país em situação fragilizada.

 

Neste ambiente, o mercado cobra o seu preço através de “prêmios de risco” maiores, observados na moeda mais depreciada e nas taxas de juros longas mais elevadas.

 

Na reunião do Copom, é esperado que a Taxa Selic seja mantida estável, mas que o comunicado do BCB possa adotar um tom diferente daquele que vinha sendo regra nas últimas reuniões, reforçando mais explicitamente a necessidade das reformas econômicas e, talvez, fechando a porta para cortes adicionais de juros

 

Conforme falei ontem, e reforço hoje:

 

Sigo esperançoso de que teremos uma vacina no ano que vem. Acho que o timing é mais para final do primeiro trimestre do que o começo do ano. Isso deverá ser visto como positivo.

 

No curto-prazo, contudo, os desafios são enormes e o viés deve ser mais negativo. Estamos vivenciando uma segunda onda em um momento de fragilidade da sociedade e dos países, onde muitos governos já apresentam pouco poder de reação com gastos públicos.

 

Passada a “parada brusca” da economia em fevereiro-abril, vivemos a “recuperação em V” de abril a agosto. De setembro para frente, entramos no terceiro ciclo econômico deste ano, em que a recuperação se mostra mais errática e heterogênea entre setores da economia e regiões do mundo.

 

A “segunda onda” da pandemia aumenta a probabilidade de observarmos um “double-dip” do crescimento e o formato da recuperação se mostrar mais parecido com um “W” do que com um “V”,

 

Em alguns momentos, poderemos ficar com a sensação ruim de que podemos estar diante de uma recessão mais longa e aguda.

 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos

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