Daily News – Brasil: Risco Fiscal

A noite foi de poucas novidades para o cenário e para dinâmica de mercado. Volto neste tema em breve, mas queria focar o comentário de hoje no aumento do “Risco Fiscal” no Brasil que vem ganhando corpo nos últimos dias.

 

A despeito da boa sinalização do governo com a o encaminhamento da Reforma Tributária nas últimas semanas, vejo sinais preocupantes no ambiente político em tentar utilizar a pandemia como “desculpa” ou como um “caminho” mais fácil para aumentar gastos, reduzir receitas e piorar as contas públicas do país.

 

Já falei neste espeço algumas vezes, e repito hoje: A atuação do governo na pandemia era necessária, fundamental e inadiável. A rede de proteção social que foi criada era indispensável para que a economia e a sociedade atravessassem esta crise de maneira um pouco mais suave e menos danosa.

 

Contudo, é de conhecimento público, que as contas públicas do país eram frágeis e necessitavam de reformas estruturais para voltar à um caminho sustentável no longo-prazo.

 

Sou de opinião de que o mercado daria (ou dará) o benefício da dúvida ao Governo e ao Congresso enquanto houver esperanças de que, acabada a pandemia, voltaremos a ter uma postura de austeridade, além de voltar a discutir e aprovar reformas econômicas.

 

Uma vez perdidas essas esperanças, a situação do país é demasiadamente frágil, tanto em termos absolutos, como em termos relativos – se comparado a nossos pares emergentes. Isso pode trazer uma pressão não desprezível (e negativa) aos ativos locais.

 

Talvez, o movimento que vimos nos últimos dias seja uma prova do que poderia estar por vir caso esse rumo não seja ajustado. Desde sexta-feira, vimos forte depreciação cambial, um desempenho relativo do Ibovespa desprezível e algum (mesmo que pequeno ainda) “steepening” da curva de juros.

 

Não é a minha intensão adotar uma postura negativa ou alarmista neste momento. Diversos avanços foram conquistados pelo país nos últimos anos (talvez na última década), mas precisamos estar cientes dos riscos ainda existentes em um país cujos fundamentos ainda demandam reformas estruturais e que pode estar caminhando para uma rota de mais desequilíbrios fiscais.

 

Voltando ao mercado, precisamos estar atentos a depreciação cambial de nossos pares emergentes, que podem ajudar em nova rodada de depreciação do Real (BRL):

 

A despeito dos índices de bolsa nos EUA testarem novos picos neste pós pandemia, ainda é claro que o setor de Tech está puxando este mercado. Outros setores e outras regiões do mundo continuam dentro de suas “bandas” recentes, como é o caso do Eurostoxx50 – a bolsa na Europa:

 

Finalmente, para fechar o ciclo dos PIM´s de julho, segue uma fotografia dos números na Ásia:

 

Deixo aqui comentário de Livio Ribeiro, nosso consultor econômico sobre os PMI´s globais:

 

PMI’s acima de 50 indicam aceleração na margem, o que diferente de dizer que o nível anterior foi recobrado. O argumento é ainda mais soft do que isso; um pmi em terreno positivo (acima de 50) pode estar perfeitamente ligado a uma variável relacionada (indústria ou serviços) que continue em contração YoY, ainda que menor do que a observada nos meses anteriores. Isso é exatamente o que se vê na indústria (em escala global, pmi’s acima de 50 com contração yoy) e nos serviços (mais marcado na china, onde o pmi de serviços tem acelerado e o varejo permanece em contração yoy desde a crise). Em resumo, cuidado com as leituras de pmi. Tem-se que saber exatamente o que elas querem dizer.