Daily News – Wall Street vs Main Street.


Os ativos de risco estão seguindo uma dinâmica bastante positivo nos últimos dias, a despeito do aumento de alguns riscos no cenário, como a piora da relação entre EUA e China, e as manifestações nos EUA (que começam a se expandir pelo mundo), o qual comentei ontem (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2020/06/daily-news-violencia-desigualdade-e.html).

Além de uma liquidez global colossal, a expectativa de retorno ao normal, a normalização de casos de contágio ao redor do mundo e a esperança de uma vacina estão sendo vetores essenciais de suporte ao mercado:


Além disso, vemos alguma normalização do crescimento global após a divulgação dos últimos PMI´s globais:




Eu, particularmente, acredito que a primeira fase da recuperação econômica poderá ser em “V” para muitos setores, mas a recuperação a longo-prazo tende a ser muito mais desigual, lenta, gradual e errática do que se espera.

Por ora, não vejo motivos ou “trigger” para um novo sell-off nos moldes do que vimos em março. Contudo, acredito que o mercado já esteja bem precificado para a recuperação em “V” de curto-prazo e começa ficar excessivamente otimista com a recuperação.

Após a forte recuperação do mercado de renda variável em abril, maio foi marcado por uma recuperação mais expressiva do mercado de crédito:


O mercado costuma exagerar no pessimismo e no otimismo. Em março, o mercado exagerou no pessimismo. Será que começa a exagerar no otimismo? Ainda não tenho essa resposta. Em termos econômicos, os desafios são grandes e as incertezas são enormes.

Em relação aos ativos financeiros, a liquidez é descomunal, os pacotes fiscais são relevantes e a posição técnica mais saudável do que era em janeiro (apesar de já ter piorado nas últimas semanas). TINA (There Is No Alternative) ou FOMO (Fear of Missing Out) voltaram a moda.

No Brasil, o CDI baixo "empurra" o investidor para ativos de mais risco e este deve ser um processo estrutural e não apenas cíclico.

No geral, começo a ficar mais cauteloso. Isso não significa que temos que alterar as alocações estruturais, de longo-prazo, mas algum ajuste de curto-prazo pode ser feito. Seja via proteções, seja trocando posições de mais "beta" por alocações de mais "alpha".

A rotação entre setores e entre classes de ativos também pode ser uma maneira de ajustar os portfólios ao longo do tempo e torná-lo mais eficiente para cada cenário e para cada nível de preços.

A seleção de gestores também será importante. Os bons gestores de renda variável começam a fazer caixa novamente, movimento que vi a última vez no início do ano.

Enquanto isso, os fundos multimercados macro seguem investidos em Brasil. O mercado de juros voltou a moda, assim como a bolsa. Há uma divisão entre fundos comprados e fundos vendidos em dólar.

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