Daily News – Brasil: Um cenário de incertezas.
Os ativos de risco estão operando próximo a estabilidade, após pequena realização de lucros ontem.
No Brasil, na ausência de novidades locais
relevantes, estamos sendo passageiros dos movimentos globais, mas mantendo o
nosso “beta” mais alto, ou seja, os movimentos – para ambos os lados – tendem a
ser mais acentuados.
O Governo e o BCB continuam trabalhando na direção
de prover liquidez e renda para a sociedade com o intuito que o país atravesse
esta tempestade de maneira menos danosa no curto-prazo: https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/06/09/guedes-bc-e-bancos-oficiais-devem-anunciar-esta-semana-novas-medidas-de-credito.ghtml.
Dado as características desta crise, este parece
ser um caminho inevitável. Acredito que os investidores darão o benefício da dúvida
ao país enquanto houver a esperança de que em algum momento do futuro o país encontrará
novamente a rota das reformas e dos ajustes econômicos.
Se, em algum momento, o “mercado” perder as esperanças
de que ajustes e reformas serão implementados no futuro, a visibilidade sobre a
situação prospectiva do país será muito mais turva e negativa. Neste caso, o
preço de nossos ativos (câmbio, juros e bolsa) poderia sofrer um ajuste negativo
extremamente negativo.
No cenário internacional, continuo vendo uma
situação econômica descolada totalmente do preço dos ativos de risco. Entendo (e
respeito) que o excesso de liquidez global esteja promovendo um “vazamento” ao
redor do mundo e causando movimentos atípicos e, muitas vezes, de difícil
explicação.
Abaixo, alguns gráficos que mostram essa dicotomia
entre economia e mercados, e reforçam a tese de que a liquidez, no curto-prazo,
está dando suporte ao preço dos ativos:
Então, como agira nessas situações? Primeiro, é
muito difícil tentar “ficar na frente” de toda essa liquidez, pois “o mercado
pode ficar irracional muito mais tempo do que podemos ficar solventes”. Então,
posições “vendidas” secas me parecem de difícil implementação (exceto aquelas
com perdas limitadas como via estruturas de opção).
Segundo, a despeito de ser difícil prever quando
este quadro se reverte, momentos de exuberância irracional, promovida por
liquidez global, costumam acabar com quedas rápidas e acentuadas dos ativos de
risco, sem que consigam ser previstas.
Minha posição, assim, é buscar proteções, hedges,
seguros para estes eventuais cenários. Manter uma liquidez robusta nas
carteiras e fazer uma seleção se gestores que saibam navegar cenários como
esse.
Na China, os dados de inflação de maio ficaram
abaixo das expectativas do mercado. Alerto aqui que a queda do PPI, no passado,
foi combatível com períodos de fragilidade do crescimento.
Isso é, se o país está em um processo de
recuperação econômica pós crise desde março, os dados de inflação não estão
compatíveis com este cenário. O mesmo vale para os dados de emprego (vide gráfico)
e para os dados de importação que vimos no final de semana:
Em geral, a primeira fase da recuperação desta
crise será (ou está sendo) em “V”, pelas características da demanda reprimida
após quase 3 meses de “lockdown” ao redor do mundo. Contudo, continua vendo as
próximas fases da recuperação como muito mais heterogêneas entre setores da
economia, entre países e regiões.
O mercado parece precificar hoje uma recuperação
quase que homogênea ao redor do mundo.
Por fim, deixa aqui estudo da Goldman Sachs que mostra a recente dicotomia de desempenho entre os mercados de crédito, volatilidade e ações. Isso pode ser um alerta de que o rally recente esteja “cansado”:
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