Daily News – Violência, desigualdade e mercados.
O destaque do final de semana ficou por conta das
violentas manifestações em defesa das minorias, após a morte de George Floyd,
um negro que foi brutalmente assassinado por um grupo de policiais nos EUA.
O que começou como manifestações em prol de uma
causa, acabou se transformando em algo muito maior e que merece atenção especial.
As manifestações e a baderna que foi vista nos EUA
neste final de semana precisa ser pensada além das demonstrações contra a morte
de George Floyd.
Desde a crise de 2008, temos visto um processo de
aceleração da concentração de renda, um aumento das desigualdades sociais.
Infelizmente, as medidas de suporte econômico do passado aumentaram a
desigualdade social. A crise recente aprofunda esta dinâmica e torna este pano
de fundo mais escancarado.
Vemos uma das maiores crises econômicas da
história, mas com os ativos financeiros suportados pela liquidez do Fed e as
grandes empresas se tornando ainda maiores e ainda mais monopolistas em suas
áreas.
Não é meu intuito criticar o que foi feito, mas
precisamos entender os efeitos disso a longo-prazo. Talvez, e reforço, talvez,
podemos ter chegado ao ponto em que isso não seja mais sustentável.
As manifestações podem ser apenas um sintoma desses
problemas. Precisamos estar atentos caso isso se torne uma nova tendência ou
dinâmica, pois pode ter efeitos expressivos sobre o cenário.
Caso a crise econômica se estenda, manifestações
podem se tornar mais amplas e pode acabar tomando o mundo.
No campo econômico, destaque para os PMI´s de maio
na China. No geral, os números mostraram acomodação em patamar superior aos 50
pontos, mas sem ganhos expressivos adicionais:
Na minha visão, os números mostram que após a
recuperação em “V” verifica após o auge da crise, existem ainda obstáculos para
a continuidade do avanço da economia chinesa.
Se a situação fosse tão fluida e positiva, porque os
números de receita nos casinos de Macau continuam apontando queda de 90% YoY em
maio?
Nesta linha, as relações entre EUA e China
continuam tensas. Após as declarações de Trump na sexta-feira, há rumores hoje
pela manhã de que a China poderia estar reduzindo suas compras de produtos agrícolas
americanos:
No Brasil, seguimos passageiros da situação
econômica global, com nossos ruídos políticos internos. Tratei disso no podcast
dessa semana, aqui: https://anchor.fm/tag-investimentos/episodes/3052020---Cenrio--por-Dan-Kawa-TAG-Investimentos-eepo3f.
E fiz uma breve contribuição ao Valor Econômico de
hoje sobre o câmbio no país:
Podemos observar como a posição do estrangeiro nos
mercados emergentes continua a ser reduzida, consistentemente, nos últimos
meses:
Mesmo diante de uma enorme expansão do balanço do Fed:
Em linhas gerais, vejo desafios no horizonte. Não
descarto movimentos de acomodação ou leve realização de lucros. Para movimentos
mais bruscos, sejam de alta ou de baixa, precisaremos de novidades no cenário.
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