Daily News – Liquidez.


Os ativos de risco tiveram ontem mais um dia de melhora generalizada. Hoje estamos observando uma leve realização de lucros.

Acho válido passar minha visão sobre o que está ocorrendo com os ativos do Brasil nos últimos dias. Minha opinião é bastante simples. O “vazamento” da liquidez global proporcionada pelos bancos centrais, mas, em especial, pelo Fed, explica parte relevante do movimento nos ativos de risco globais e nos ativos do Brasil.

Por sermos um país de mais “beta”, com fundamentos mais “frágeis”, nossos ativos tendem a sofrer mais em momentos negativo. Nos momentos de recuperação, os ativos do país tendem a demorar um pouco mais a reagir.

Contudo, conforme a liquidez vai “contagiando” o resto do mundo, ela acaba chegando nos ativos que acabaram “ficando para trás” em termos de desempenho em relação aos seus pares internacionais.

Em abril vimos uma recuperação das bolsas, porém o movimento foi mais concentrado no setor de tecnologia e nos setores cíclicos globais. Em maio vimos uma recuperação mais expressiva dos mercados de crédito privado e um começo de recuperação das ações cíclicas locais. No final de maio de começo de junho, vemos uma queda mais expressiva do dólar e um movimento mais acentuada das ações cíclicas locais.

Não podemos menosprezar o suporte que a possibilidade de uma vacina e a reabertura das economias de alguns países está dando a estes movimentos, mas continuo acreditando que sem essa liquidez sem precedentes não teríamos movimentos tão rápidos e acentuados de recuperação.

Continua vendo um mercado já bem precificado para alguma recuperação em “V” da economia no curto-prazo. Não vejo motivos para realizações de lucro mais rápidas e acentuadas, como aquela verificada em março, mas alguma acomodação seria saudável. Não seria uma mudança de tendência, mas alguma “acomodação”.

Alguns riscos precisam ser monitorados, como a relação entre EUA e a China que só vem se deteriorando nos últimos dias; As manifestações nos EUA; O fim dos pacotes de ajuda financeira, especialmente nos EUA; O tempo que irá demorar para a retomada global e eventuais “novas ondas” de contágio do Covid-19.

Na linha da linha argumentação sobre a liquidez global abundante, veja o fluxo para fundos de Crédito HY nos EUA e como este mercado já voltou praticamente 80% do que tinha caído no auge da crise:



No Brasil, a produção industrial apresentou forte queda, como era amplamente esperado em abril, ponto alto do fechamento do país:



Na Alemanha, o país aprovou mais um pacote fiscal da ordem de EUR$130bi. O país tem sido um dos mais agressivos no suporte a sua economia:


Na Área do Euro, as vendas no varejo apresentaram forte queda, mas melhor do que o esperado. Interessante observar a enorme discrepância entre os países da região. Isso vai de encontro a minha tese de que a recuperação será muito desigual entre setores e países:

German retail sales fell only ~5.3%M, while Spanish retail sales fell 19.4%M, with France also reporting a strong contraction.


Segue uma atualização da recuperação da atividade econômica na China:


E uma atualização do processo de reabertura nos EUA, usando “big data”:




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