Relatório Semanal de Asset Allocation:
Este será o último
relatório semanal de 2017. A seguir, segue uma breve retrospectiva do ano e o
que esperamos para 2018. Ao longo do próximo ano, vamos seguir acompanhando no
detalhe os eventos econômicos e políticos, locais e externos, com o intuito de
informa e buscar oportunidades de investimentos para parceiros e clientes. Em
nome de toda a equipe de Alocação, Fundo de Fundos e Fundos Multiestratégia,
desejo um feliz ano novo!
O ano de 2017 foi marcado
por uma recuperação sincronizada da economia mundial. Pela primeira vez em
muito tempo o crescimento mundial superou as expectativas que vigoravam antes
do início do ano, com um grau de sincronização que não ocorria há muitos anos.
A inflação mundial continua contida. Os países desenvolvidos, no geral,
apresentaram leve aceleração dos indicadores de inflação, enquanto as economias
emergentes apresentaram um quadro de relativa tranquilidade no âmbito
inflacionário. Este ambiente permitiu que os bancos centrais nas economias
desenvolvidas, tais como Estados Unidos, Europa, Reino Unido e Canada, por
exemplo, dessem continuidade ou iniciassem um processo muito transparente, bem
comunicado e gradual de normalização monetária. A China foi uma grande surpresa
positiva ao longo do ano, com um crescimento acima do esperado e uma condução
extremamente prudente de suas reformas e da desalavancagem da economia. Os
países emergentes apresentaram uma trajetória descendente de inflação, com
crescimento saudável e fundamentos estruturais mais robustos do que no passado
recente. Este pano de fundo permitiu que os juros nestes países permanecessem
baixos ou em trajetória declinante. Salvo questões pontuais e localizadas,
prevaleceu um ambiente construtivo para a economia mundial.
Acreditamos que existem
riscos no cenário que podem se tornar mais agudos ao longo dos próximos anos à
medida que a recuperação econômica se torna mais madura, com muitas economias
apresentando um acelerado fechamento do hiato do produto. Este pano de fundo,
invariavelmente levará a continuidade do processo de normalização monetária no
mundo desenvolvido. Enquanto este processo for gradual, o cenário permanecerá
positivo. Caso este processo se torne mais agudo, com sinais de uma inflação
mais acelerada, o pano de fundo poderá se tornar mais desafiador. A China é um
segundo risco que precisa ser monitorado. A esperada desaceleração da economia
e desalavancagem do setor financeiro precisa prosseguir, mas ser conduzido de
forma a não trazer traumas a economia e contágio ao resto do mundo.
De forma geral, vemos um
cenário em 2018 muito parecido com aquele que vigorou ao longo de 2017, com um
crescimento relativamente robusto das economias desenvolvidas para os padrões
do pós-crise de 2008, uma inflação ascendente nos países desenvolvidos e um
processo de normalização monetária gradual nas principais economias do mundo. Os
países emergentes devem apresentar crescimento forte, acima dos países
desenvolvidos. O piso da inflação parece ter ficado para trás, mas os
indicadores inflacionários devem permanecer contidos. Este pano de fundo
garante uma política monetária com apenas “ajustes finos” nas taxas de juros
desses países. Em suma, o cenário segue positivo, mas com riscos que se tornam
mais agudos à medida que a recuperação global se torna mais madura.
No Brasil, o ano de 2017
for marcado por um forte processo desinflacionário. O crescimento começou a
mostrar sinais mais consistentes de recuperação, assim como o mercado de
trabalho. As contas externas do país apresentaram acentuada recuperação,
catapultadas por uma robusta balança comercial e por investimentos estrangeiros
diretos extremamente robustos. As contas públicas (ou quadro fiscal) ainda é
uma fonte de preocupação grande a longo-prazo, mas avanços significativos foram
atingidos na agenda econômica local. Este ambiente permitiu que o Banco Central
continuasse um processo agressivo de corte da Taxa Selic, a taxa básica de
juros da economia.
Para 2018, acreditamos que
a inflação permanecerá contida, mesmo que em patamar acima daquela que ainda
será verificada em 2017, mas ainda abaixo do centro da meta de inflação. Acreditamos
que o crescimento irá se consolidar, com um crescimento do PIB mais robusto do
que aquele verificado em 2017. Este pano de fundo deverá permitir a
continuidade do processo de recuperação do mercado de trabalho. As contas
externas devem permanecer saudáveis. O atingimento da meta fiscal de 2018
deverá ser facilitado pela recuperação da economia, pela inflação baixa e por
receitas extraordinárias. O quadro estrutural ainda preocupa, o que torna o
avanço das reformas econômicas um imperativo. Este ambiente deve permitir que a
Taxa Selic permaneça baixa ao longo de todo o ano, provavelmente nos níveis
mais baixos da história. As eleições para presidente do país podem trazer
períodos pontuais de maior volatilidade dos mercados locais, mas dificilmente irão
alterar de forma significativa o quadro cíclico da economia. A depender do
vencedor do pleito, as políticas adotadas após as eleições serão fundamentais
para garantir (ou não) que este quadro cíclico positivo (construtivo) se torne
um quadro estruturalmente mais positivo.
Alocação/Estratégia:
Nas últimas semanas, escrevemos que
víamos os movimentos recentes de realização dos ativos locais como uma
oportunidade para elevar cautelosamente as alocações em ativos do Brasil.
Gostaríamos de adicionar que percebemos
uma melhora na posição técnica do mercado local, além de preços mais atrativos
após os movimentos recentes de realização de lucros. No campo econômico, vemos
números que reforçam um quadro de recuperação do crescimento e do mercado de
trabalho, inflação baixa, e contas externas saudáveis.
Gostamos da parte intermediária da curva
de juros local, mas entendemos que a compressão dos prêmios de alta de juros no
ano que vem só se realizará ao longo do tempo, e não de forma instantânea,
conforme o mercado for se convencendo que o cenário de inflação e crescimento
são condizentes com uma taxa de juros mais baixa por mais tempo. Além disso,
acreditamos que mesmo em um eventual ciclo de alta da Taxa Selic, que
certamente ocorrerá em algum momento do tempo, as altas necessárias deverão ser
menores do que aquela precificada na curva atual.
Acreditamos que o BRL deverá manter-se
em um range, mesmo que mais largo que o anterior. Se antes víamos a moeda entre
3,10-3,20, agora vemos a moeda entre 3,15-3,35. No nível acima de 3,30, que a
moeda chegou a operar nas últimas semanas, já vemos uma assimetria mais
favorável a apreciação do Real. As contas externas locais seguem saudáveis e
sem sinais de deterioração, o que vislumbra uma moeda mais comportada ao longo
do tempo. Contudo o cenário externo será fundamental nas próximas semanas.
Parece que uma janela mais positiva para emissão de ações e dívida corporativa
está aberta, o que sempre ajuda os fluxos para a moeda local.
A bolsa ainda nos parece ser o ativo com
mais apelo para alocações de curto-prazo, devido aos vetores já citados nas
últimas semanas (recuperação cíclica da economia, juros mais baixos e por mais
tempo, cenário externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica
ainda saudável).
Comentários
Postar um comentário