Condições externas seguem favoráveis. Agenda demanda atenção.
Os ativos no Brasil continuam muito sensíveis aos ruídos envolvendo
a Reforma da Previdência. Acredito que a dinâmica deverá continuar assim até
que o evento saia da janela do mercado, para o bem ou para o mal. Depois disso,
espero que os fundamentos econômicos voltem a ditar o rumo dos ativos
brasileiros.
De novidade concreta, estamos vendo uma inflação corrente
extremamente baixa e perspectivas de inflação ainda baixa para o começo de
2018. O Relatório Focus do BCB reflete um pouco este cenário construtivo para a
inflação e para o crescimento. As Notas do Copom, que serão divulgadas amanhã,
trarão uma claridade melhor em relação as intensões futuras do banco central.
Continuo vendo a Taxa Selic cair a pelo menos 6,75%, com riscos crescentes de
uma taxa inferior a essa. Acredito que os juros permanecerão baixos por um
tempo prolongado de tempo.
No cenário externo, a notícia mais importante do dia, no meu
ponto de vista, foi a divulgação dos dados de agregados monetários na China,
que ficaram acima das expectativas do mercado, mostrando um certo alívio para
as condições financeiras do país. Os números divulgados hoje confirmam a minha
visão de que o aperto monetário recente foi induzido pelo PBoC, com o intuito
de trazer mais racionalidade ao mercado chinês, buscando evitar bolhas e
excessos em setores específicos da economia. Com este pano de fundo, qualquer
sinal mais acentuado de desaceleração, poderá ser contrabalanceado por medidas
de alívio. Assim, segue um cenário de desaceleração gradual da economia chinesa.
Os riscos a estabilidade financeiras existem, mas devem ser vistos como “riscos
de cauda”. Por ora, o governo chinês vem conseguindo promover um ajuste
relativamente saudável da economia.
A semana será carregada de indicadores de inflação nos EUA e
decisão de bancos centrais nos EUA e na Europa. Estes momentos sempre costumam
ser um pouco mais tensos para os mercados, especialmente vis-à-vis os atuais
níveis de preço e as volatilidade realizadas e implícitas baixas.
Continuo vendo um processo gradual de elevação da inflação nos
EUA. Isso irá permitir que o processo de normalização monetária nos EUA e no
resto do mundo desenvolvido seja também gradual e bem comunicado. Continuo
gostando de posições tomadas em juros em alguns países do G10, combinadas com
posições compradas em volatilidade de Rates e alguns pares de FX. Tenho focado
no AUD por questões específicas do país.
No curto-prazo, a despeito de todos os riscos inerentes a fase
atual do ciclo econômico global, continuo vendo um cenário relativamente
construtivo para o final de 2017 e começo de 2018. Os dados de inflação nos EUA
e as decisões do Fed do ECB poderão, eventualmente, alterar este quadro. Trabalho
com um cenário base sem alterações drásticas de pano de fundo para as próximas
semanas.
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