Brasil: De volta aos fundamentos.

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, na ausência de mudanças substanciais de cenário. Destaque para a forte alta do petróleo nos últimos dias, com o WTI testando o patamar de US$60. Um misto de demanda global mais aquecida e controle de oferta por parte da OPEP ajudam a explicar o movimento.

O MXN é um dos destaques negativos recentes, com forte depreciação. Fundamentos econômicos mais frágeis do que os seus pares emergentes, um quadro político incerto com eleições presidenciais em 2018 e as incertezas que rondam as negociações em torno do NAFTA são os principais vetores para explicar o movimento da moeda. Nem mesmo a atuação mais agressiva do Banxico no mercado de câmbio tem sido suficiente para conter o movimento de depreciação.

No Brasil, a terça-feira foi de movimentos positivos para os ativos locais. Passado o debate da reforma da previdência, os investidores voltaram o foco para o cenário cíclico mais positivo da economia, com um quadro técnico mais favorável e preços/valuations mais atrativos.

No cenário econômico, os dados continuam corroborando um ambiente mais positivo para o país. Ontem, a pesquisa Focus do BCB mostrou expectativas de inflação ancoradas e em queda para 2017 e 2018, o que permitirá novos cortes da taxa Selic e sua manutenção em patamar baixo por um longo período de tempo. Escrevi mais sobre isso nos últimos dias, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/12/brasil-curva-de-juros.html.

Até mesmo o quadro fiscal, o principal problema estrutural da economia, mostra sinais de recuperação. O Governo Central apresentou superávit primário em novembro acima de R$1bi, resultado muito superior às expectativas de déficit de R$9bi esperados pelo mercado. A recuperação do crescimento, com inflação baixa e juros baixos, em meio a um enorme esforço de controle de gastos por parte do governo irá ajudar, por ora de maneira cíclica, até mesmo as contas públicas nos próximos 12 meses. É inegável que a continuidade das reformas seja um imperativo, mas mesmo o quadro fiscal deverá apresentar recuperação cíclica nos próximos meses, dando mais um conforto de fundamentos econômicos mais robustos em 2018.

Continuo otimista com os ativos locais neste final de 2017 e início de 2018, optando por manter exposição na parte intermediária e longa da curva de juros e no mercado de renda variável. Vejo valor no câmbio nos atuais níveis, mas prefiro manter postura mais tática dado sua péssima performance recente e minha menor convicção nesta classe de ativos.


Continuo tomada na curva de juros nos EUA. Estou olhando com mais atenção eventuais oportunidades nos Bunds e nos Gilts. Estou sem posição relevante no mercado de FX e, por ora, sem hedges muito óbvios para implementar nas carteiras.

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