Feliz 2018!
Os Mercados Globais está tirando uma licença paternidade, antes do previsto, e de maneira inesperada, mas com saúde e sem problemas adicionais. Só retornará “a todo vapor”, de maneira diária, após a virada do ano. Aproveito para desejar boas festas e feliz ano novo a todos.
A sazonalidade do final de ano e um calendário econômico que apenas ratifica o cenário base que temos descrito neste fórum há algumas semanas ajuda a dar confiança nas posições centrais que temos insistido, mesmo após um período que compreendeu o final de outubro, todo novembro e a primeira metade de setembro, onde observamos e vivenciamos uma forte pressão nos ativos do Brasil e uma baixa reação dos juros nos países de desenvolvidos, especialmente nos EUA, aos evidentes sinais de robustez do crescimento e avanço da Reforma Tributária. Recomendo a lida do link a seguir, onde todos os temas abaixos, entre outros, estão descritos de maneira mais detalhada: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.
As reversões de parte desses dois movimentos foram o grande destaque dos últimos dias, com uma recuperação dos ativos locais e alta das taxas das Treasuries, que testam agora o patamar de 2,50%. Esta dinâmica dos ativos locais se encaixa bem na minha tese, descrita neste fórum diversas vezes ao longo das últimas semanas, sem sucesso até então, de que o fluxo de notícias envolvendo a Reforma da Previdência estava encobrindo uma melhora cada vez mais evidente e espalhada dos fundamentos cíclicos da economia, ao mesmo tempo em que a posição técnica apresentava melhora sistemática e os preços/valuations se mostravam mais atrativos.
Os últimos dias apenas reforçaram este cenário mais positivo para a economia do Brasil. A inflação segue baixa e qualitativamente positiva, o BCB reforça a mensagem de que há espaço para novos cortes na Taxa Selic e sinaliza que os juros podem ficar baixos por mais tempo, as contas externas continuam bastante saudáveis, o crescimento segue em uma recuperação gradual, mas cada vez mais consolidado e espalhado. Até mesmo o quadro fiscal, grande problema a longo-prazo para a economia, mostra reação, com uma melhora acentuada da arrecadação. O quadro de maior crescimento, menor inflação e juros mais baixos devem trazer alívio às contas públicas ao longo de 2018. É inegável que as reformas estruturais sejam um imperativo, mas teremos uma janela que deverá trazer mais tranquilidade ao cenário nesta frente.
Finalmente, vimos uma rodada positiva de emissões de dívida corporativas externas, além de IPOs na bolsa local, todos com demanda robusta. O leilão de energia foi muito positivo, mesmo sem a participação de estatais. Em suma, um cenário cíclico extremamente positivo, que vinha sendo ignorado pelo mercado desde fins de outubro, por questões diversas, mas que começam a ser impor mesmo diante das incertezas políticas que rondam 2018. Ainda acredito que exista espaço para continuidade dos movimentos recentes.
Mantenho exposição aos ativos locais, concentrado na bolsa e no mercado de juros, especialmente na parte intermediária e longa da curva real de juros. Tenho menor visibilidade e convicção no mercado de câmbio. Continuo acreditando que a taxa de juros ficará mais baixa por mais tempo e, quanto tiver que ser elevada, e um dia certamente terá que subir, deverá subir menos do que a curva precifica neste momento. Diante deste cenário, com juros baixos, o mercado deverá perceber a recuperação de uma economia com hiato do produto elevado, sem necessidade de “choques de juros” o que deverá favorecer o mercado de renda variável. Estes são dos dois temas que tenho focado ao longo de todo o segundo semestre do ano e que deveremos continuar buscando no início de 2018.
No cenário externo, sigo convicto no processo estrutural de alta de juros no mundo desenvolvido. Estou concentrando posição na parte intermediária da curva americana por questões operacionais, mas aonde o cenário me parece mais claro neste momento, diante do avanço da Reforma Tributária, a possibilidade de um pacote de infraestrutura em meio a um crescimento robusto e mercado de trabalho sólido. Estou olhando com calma o mercado de Bunds e Gilts para, eventualmente, montar posição na mesma direção.
Não me estenderei no cenário externo dado minha restrição de tempo. Meus deveres domésticos me chamam.
Feliz 2018.
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