Relatório Mensal de Asset Allocation:
Cenário Econômico:
O Brasil segue com o mesmo pano de fundo de recuperação cíclica
da economia que, para se tornar estrutural, depende de reformas econômicas. A
inflação parece ter feito já seu piso, mas segue abaixo da meta. As
perspectivas para 2018 ainda são positivas, de inflação baixa. O crescimento
mostra recuperação, mas ainda esperamos um processo apenas gradual de
recuperação da economia (2,7% no ano que vem). As contas externas estão
saudáveis. Alguma deterioração é esperada, mas em função da recuperação
econômica (mais importações) e do nível mais apreciado do câmbio. O quadro
fiscal continua a ser o “Calcanhar de Aquiles” do país. Alguma melhora cíclica
ocorrerá em 2018, mas melhoras de longo-prazo dependem mesmo das reformas.
No cenário externo, foi confirmado um cenário de crescimento
global robusto e sincronizado. A inflação no mundo desenvolvido ainda não se
mostra um problema, mas um risco a ser monitorado. Neste ambiente, o processo
de normalização monetária nas principais economias do mundo continua de forma gradual.
O destaque do mês ficou por conta do avanço da agenda de Reforma
Tributária nos EUA e para alguns ruídos provenientes dos mercados financeiros
na China. Por ora, nenhum desses eventos foi capaz de gerar contágio ou uma
mudança substancial do cenário econômico global.
Cenário de Mercado:
Os mercados
financeiros globais passaram (e estão passando) por uma “grande rotação” no
final de novembro, saindo um pouco do cenário “Goldilocks” para um cenário mais
de “Reflation”.
Alguns dos reflexos desta rotação são
mais claros (e óbvios), tal como a abertura de taxa de juros no G10. Outros são
um pouco mais sutis, como o bom desempenho do Setor de Financials na bolsa do
EUA, em detrimento a uma forte pressão no Setor de Tech. A posição técnica do
mercado (vencedora durante grande parte do ano) acaba ajudando a acentuar esses
movimento de “rotação”.
Os ativos emergentes sentiram alguma
pressão, muito devido à abertura das taxas de juros no G10, em um efeito
secundário à “grande rotação” de outras classes de ativos. Os ativos no Brasil,
contudo, apresentaram desempenho nitidamente inferior aos seus pares,
refletindo os ruídos que envolvem o debate em torno da Reforma da Previdência.
Pela posição técnica do mercado e pelo
desempenho do mesmo ao longo do ano, esse ajuste ainda pode continuar nos
próximos dias, quiçá por meses, em uma possível preparação do mercado a um
eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais
sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um
suporte maior do cenário econômico. Nesta frente, os próximos dias serão
fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes
dados de inflação e emprego nos EUA.
Em relação ao Brasil, ainda vemos o
cenário externo ditando a dinâmica dos ativos locais. Uma possível aprovação da
Reforma da Previdência poderia de certa forma “blindar” os ativos locais de
deteriorações mais acentuadas. A ausência de Reforma, contudo, coloca o país em
posição mais frágil. De maneira geral, contudo, ainda vemos um cenário
econômico positivo para o país. Não vemos uma posição técnica ruim por parte
dos fundos locais, o que nos leva a crer que os fluxos nesta deterioração sejam
fruto de estrangeiros.
Em síntese, ainda vemos o cenário
migrando entre o “Goldilocks” e o “Reflation” o que requer um portfólio
balanceado entre as classes de ativos e os devidos hedges.
Alocação/Estratégia:
Nas últimas semanas, escrevemos que víamos os movimentos
recentes de realização dos ativos locais como uma oportunidade para elevar
cautelosamente as alocações em ativos do Brasil. Os últimos dias, por ora,
estão comprovando esta tese de investimento.
Gostaríamos de adicionar que percebemos uma melhora na posição
técnica do mercado local, além de preços mais atrativos após os movimentos
recentes de realização de lucros. No campo econômico, vemos números que reforçam
um quadro de recuperação do crescimento e do mercado de trabalho, inflação
baixa, e contas externas saudáveis.
Gostamos da parte intermediária da curva de juros local, mas
entendemos que a compressão dos prêmios de alta de juros no ano que vem só se
realizará ao longo do tempo, e não de forma instantânea, conforme o mercado for
se convencendo que o cenário de inflação e crescimento são condizentes com uma
taxa de juros mais baixa por mais tempo. Além disso, acreditamos que mesmo em
um eventual ciclo de alta da Taxa Selic, que certamente ocorrerá em algum
momento do tempo, as altas necessárias deverão ser menores do que aquela
precificada na curva atual.
Acreditamos que o BRL deverá manter-se em um range, mesmo que
mais largo que o anterior. Se antes víamos a moeda entre 3,10-3,20, agora vemos
a moeda entre 3,15-3,35. No nível acima de 3,30, que a moeda chegou a operar
nas últimas semanas, já vemos uma assimetria mais favorável a apreciação do
Real. As contas externas locais seguem saudáveis e sem sinais de deterioração,
o que vislumbra uma moeda mais comportada ao longo do tempo. Contudo o cenário
externo será fundamental nas próximas semanas. Parece que uma janela mais
positiva para emissão de ações e dívida corporativa está aberta, o que sempre
ajuda os fluxos para a moeda local.
A bolsa ainda nos parece ser o ativo com mais apelo para
alocações de curto-prazo, devido aos vetores já citados nas últimas semanas
(recuperação cíclica da economia, juros mais baixos e por mais tempo, cenário
externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável).
Para fundos de alocação, ainda achamos que faz sentido manter
posições acima da média em Renda Variável. Na parcela de renda fixa, gostamos
de um mix de IRFM-1+ (em torno de 4 anos de duration) com um pouco de inflação
curta (IMA-B5), pelo carrego de curto-prazo, e um pouco de inflação longa
(IMA-B5+), pelas taxas longas ainda elevadas. Será cada vez mais importante uma
mudança de fundos de renda fixa para multimercados, em busca de um “alpha” mais
ativo em um período de CDI mais baixo. A escolha dos gestores em renda variável
também será fundamental em um ambiente em que existe discrepância enorme entre
o preço e o valuation das ações locais.
Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:
O Fundo manteve exposição à parte intermediária
e longa da curva real de juros. Voltamos a montar posições no mercado de opções
para uma Taxa Selic abaixo de 7%. Continuamos com exposição ao tema de juros
mais baixos por mais tempo no Brasil. Ainda vemos espaço para o fechamento das
taxas intermediárias da curva de juros , ajudadas por um cenário de inflação
baixa, expectativas de inflação ancoradas, crescimento fragilizado e demais
variáveis estáveis.
Mantemos posição comprada em bolsa local na maior
parte do mês. Aumentamos a posição na segunda quinzena do mês por sensibilidade
a preço, sem alteração substancial de cenário. Devemos continuar buscando
posições nesta direção ao longo dos próximos meses.
Montamos pequena posição vendida em Dólar, comprada
em Real ao longo do mês. Continuamos sem exposição estrutural relevante no
mercado local de câmbio, mas nosso viés é de uma taxa de câmbio não muito acima
dos 3,30 verificados ao longo do mês. Aumentamos a posição vendida em Dólar
Australiano, onde vemos um caso específico de diferenciação e um ativo com
características que ajuda a compor nosso portfólio local.
Adicionamos pequenas posições compradas em volatilidade tanto no mercado de juros dos EUA quanto no mercado de bolsa do país. Acreditamos que o processo de normalização monetária nas principais economias do mundo irá continuar, mesmo que de forma gradual. Acreditamos que pouco disso esteja precificado nas curvas longas de juros. Além disso, vemos uma assimetria razoável na compra de volatilidade em algumas classes de ativos do exterior.
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