Risk On! Year End Rally...

Os ativos de risco estão operando em tom positivo, em um clássico movimento de “risk-on” e/ou “year end rally”. Meus comentários de ontem, reproduzidos abaixo, seguem pertinentes e atuais. Os jornais de hoje trazem poucas informações novas ao cenário. Na agenda econômica, destaque apenas para os dados de exportação de Singapura. Por ser um país com corrente de comércio elevada e um importante “hub” de tecnologia da Ásia, os números são vistos como uma proxy para o crescimento global. Os dados mostram uma economia mundial ainda bastante robusta e saudável.

Não há mudanças substanciais de cenário econômico local e global neste final de ano. Estamos entrando nas últimas duas semanas do ano, geralmente marcadas por uma baixa liquidez e pela continuidade dos movimentos que prevaleceram ao longo de todo o ano que fica para trás. Na ausência de uma agenda econômica mais carregada, ou de eventos políticos que tragam mudanças de cenário, o natural é esperar que tenhamos um pouco de “mais do mesmo” em relação ao que prevaleceu ao longo de todo o ano de 2017. Mudanças de posicionamento, rotações e afins deverão esperar o inicio de 2018.

No Brasil, acho interessante observar que a mídia tenta manter acesso o debate em torno da Reforma da Previdência, mesmo com o recesso parlamentar que se avizinha. Inclusive, alguns meios de comunicações vincularam matérias mostrando o abismo existente entre a previdência da maior parte da sociedade brasileira se comparada àquela adotada por uma minoria em algumas classes do funcionalismo público. Após um longo período de silêncio da mídia e da sociedade, talvez de maneira atrasada, começa a se formar algum movimento, mesmo que tímido, em prol das reformas. De maneira geral, acho difícil que o mercado volte a “comprar o sonho” da aprovação da reforma em 2018, mas certamente o governo tentará manter está chama acessa.

No que tange o cenário eleitoral, a grande incógnita fica por conta da situação de Lula após o resultado em segunda instância de seu primeiro julgamento. Em uma matéria no O Globo, especialistas, membros do TSE e ex-membros do mesmo colegiado afirmam que caso a sentença da primeira instância seja confirmada, dificilmente Lula poderá ser candidato a presidente no ano que vem. Sigo na linha de que ainda falta muito tempo para as eleições e para termos um cenário muito claro da corrida eleitoral, mas reforço que existe um “cenário de cauda”, sem a candidatura de Lula e com um candidato forte de cetro que é pouco apreciada pelo mercado, que continua focado nos riscos negativos e em um posicionamento mais defensivo para 2018.

No cenário externo, os dados de crescimento global continuam fortes e sincronizados, e os bancos centrais confirmam uma postura de gradualismo no processo de normalização monetária. A China mostra sinais de desaceleração, mas dentro de um cenário base ainda controlado pelo PBoC e pelo Governo, que traz riscos apenas na eventualidade de um erro de política monetária. Este cenário deverá prevalecer ao longo do começo de 2018, mas certamente será testado por dados mais altos de inflação, uma normalização mais rápida e/ou uma desaceleração do crescimento.

No Brasil, a recuperação do crescimento se mostra mais consolidada e espalhada, mas ainda extremamente gradual. A inflação está baixa e suas perspectivas continuam positivas (baixas). Me impressiona o elevado prêmio de risco (altas de juros) precificados na curva ao longo de 2018. Até entendo o prêmio de risco para o período pós eleitoral, a despeito de não concordar com seu nível, mas as taxas mais curtas deveriam estar muito mais ancoradas diante do cenário de crescimento e inflação.

As contas externas continuam extremamente saudáveis e até mesmo o lado fiscal deverá mostra recuperação no curto-prazo (próximos 12 meses).


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