Brasil - Curva de Juros.
A curva de juros no Brasil precifica
hoje mais uma queda de 22bps na próxima reunião do Copom e uma pequena queda de
7bps na reunião seguinte. Já na reunião do Copom de maio, a curva começa a
precificar um processo relativamente agressivo de alta de juros, com o CDI retornando a 8,15% no começo de 2019 e
chegando a acima de 11,5% em 2020. O FRA de 2019 embute taxa de 9,4%, o FRA de
2020 taxa de 11,2% e o FRA de 2021 taxa de 11,55%.
Eu continuo trabalhando com um cenário
em que a Taxa Selic cai pelo menos mais 25bps, para 6,75% na próxima reunião do
Copom, com probabilidade relevante de quedas adicionais, com o CDI se mantendo
entre 6,5% e 7% por um longo período de tempo. Por “longo período de tempo”, no
Brasil, leia-se pelo menos até 2019. Após este período, a visibilidade do
cenário é mais turva. Todavia, ainda vejo espaço para uma alta muito mais moderada
do que nos últimos processos de ajustes altistas de taxas de juros, talvez com
um ciclo de alta em torno de 200 a 250bps.
Entendo que estamos próximos ao fim do
ciclo de queda da Taxa Selic e momentos como o atual, diante dos riscos
eleitorais, ensejam uma curva mais inclinada positivamente. Pelo menos, este
foi o padrão histórico no Brasil e na maioria das economias globais. Este pano
de fundo justifica a postura atual mais cautelosa do mercado. Contudo, estamos
diante de um cenário nunca antes vivido pela economia do país, com hiato do
produto extremamente aberto, inflação baixa, perspectivas ancoradas, mercado de
trabalho ainda em estado de “stress”, mesmo que já em recuperação, e uma
recuperação apenas gradual do crescimento.
Diante deste pano de fundo, e levando em
conta que estamos diante de um novo patamar de juros, por ora cíclico, mas que
pode se tornar estrutural, ainda vejo amplo espaço para o fechamento de taxas
da curva local de juros, especialmente na parte intermediária da curva. Esta analise
vale para os juros reais e os juros nominais. Entendo que a parte mais longa da
curva irá depender mais do calendário eleitoral. Mas mesmo diante deste risco,
já vejo um prêmio não desprezível nas taxas longas. Este, todavia, dependerá
muito mais da evolução política, do que do cenário cíclico mais positivo como a
parte intermediária.
Assim, ainda vejo espaço para ganhos não
desprezíveis na curva local de juros. Estes, por sua vez, poderão induzir novos
fluxos para o mercado de renda variável, mas este será tema para um próximo
comentário.
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