Alguns comentários.
Estou fora do RJ,
entre reuniões com clientes e eventos de terceiros. Assim, serei mais breve do
que eu gostaria nos comentários, mas acho importante falar sobre alguns
desenvolvimentos recentes,
Primeiro, estive em
um evento de um grande banco de investimentos esta manhã. Em uma pesquisa com
os participantes, a maioria investidores e empresários de SP, a pesquisa
mostrou opiniões bastante divididas em relação a capacidade de Lula disputar ou
não as eleições de 2018. Os números ficaram muito próximos a 50%. A grande
maioria, contudo, disse ter preocupação elevada com o processo eleitoral e
pretende adotar postura mais cautelosa no ano que vem.
Acho que a pesquisa é
extremamente importante porque explica bem o que está ocorrendo com os ativos
brasileiros no curto-prazo, em termos de pressões negativas com a chegada do próximo
ano, além de questões mais específicas, como o “shape” steepado da curva de
juros.
O resultado da
pesquisa ainda reforça a minha tese de que a grande surpresa para o mercado em
2018 será um eventual processo eleitoral mais tranquilo do que o esperado. Não
que eu ache que este seja o cenário base, mas um cenário alternativo talvez
pouco apreciado pelos investidores. Na maioria das vezes, os investidores
trabalham com cenários de cauda negativos, mas precisamos ter em mente que
cenários de cauda positivos também existem. Imagem uma eleição em 2018,
eventualmente, sem a participação de Lula e com o centro unido em torno de um
candidato único? Isso, hoje, é pouco provável e pouco precificado, mas não um
cenário totalmente descartado.
Vamos a alguns temas:
Reforma da
Previdência – Tudo indica que sua aprovação será
extremamente difícil no curto-prazo. Volto a dizer que não tenho vantagem
comparativa em apontar nenhum cenário como favorito, mas o fluxo de notícias emanando
de Brasília ainda é ruim, ou desfavorável a Reforma.
Continuo acreditando
que pouco da Reforma esteja precificado nos ativos do Brasil, mas entendo que a
retirada dela do horizonte relevante poderá trazer mais volatilidade e pressão
para os ativos locais. Por isso, a estratégia de curto-prazo é se manter vivo,
para buscar potenciais oportunidades de alocação. Ainda vejo o cenário macro
como bastante construtivo, o que deverá favorecer os ativos locais no
médio-prazo.
Copom/Política
Monetária – As Notas do Copom divulgadas
ontem, e a apresentação de Carlos Vianna hoje no mesmo evento citado acima,
mostram um BCB bastante tranquilo e confortável com o cenário de inflação. É
natural que o cenário base seja de um corte de 25bps na próxima reunião, pelas
indicações das Notas e pelo atual estágio do ciclo econômico.
Contudo, o BCB deixou
claro que existem riscos para os dois lados da política monetária, positivos e
negativos. Continuo surpreso como o mercado e os sell-sides, em especial, só
conseguem ver os riscos negativos para um ciclo de corte de juros mais curto do
que o cenário base. Dado as expectativas de inflação de nossa área econômica
para este final de ano e para o primeiro trimestre de 2018, não descarto um
corte de 50bps na próxima reunião do Copom, ou um ciclo mais prolongado de
quedas de 25bps. Além disso, não vejo espaço para altas de juros ao longo de
2018. Assim, continuo vendo bastante valor na parte intermediária das curvas
locais de juros.
Vendas no
Varejo – Os números divulgados hoje ficaram muito abaixo das
expectativas. Muitos estão citando o efeito do “Black Friday”, cada vez mais
relevante no país, como potencial vetor de volatilidade nestes números. De
maneira geral, ainda vejo um processo de recuperação gradual da economia, o que
permite não apenas um cenário mais construtivo para o país, mas uma política
monetária mais frouxa por mais tempo.
Mercados Brasil
– A despeito de
todos os ruídos envolvendo a Reforma da Previdência, o mercado local continua
saudável. Os IPOs estão transcorrendo de forma tranquila, assim como as
emissões de dívida, locais e externas.
EUA – Após dados de
PPI mais altos do que as expectativas (divulgados ontem), o Core CPI apresentou
alta de apenas 0,1% MoM. Continua, assim, o conundrum em torno da inflação no
país, em meio a um crescimento robusto e um mercado de trabalho de sólido.
Ainda vejo as taxas
de juros no mundo desenvolvido no meio de um processo estrutural de alta.
A reunião do FOMC,
dentro de 1 hora, será importante para medirmos a temperatura dentro do Fed em
meio a este cenário construtivo, porém confuso do ponto de vista de política
econômica (baixa inflação, baixo desemprego, crescimento sólido).
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