Brasil: Anatomia do Mercado de Juros


A curva local de Juros precifica hoje mais uma queda de cerca de 45bps e outra de cerca de 15bps nas próximas 2 reuniões do Copom. Após isso, vemos uma alta gradual de juros precificada ao longo de 2020 e 2021, começando na reunião de junho de 2020.

Há algum tempo eu já via a curva local de juros como um ativo com risco/retorno ruim. O fechamento de taxa, confesso, me surpreendeu bastante. Vejo a curva hoje como bem precificada diante dos riscos ao cenário base.

Continuo não gostando do risco retorno desta classe de ativo, quando penso em uma alocação de médio e longo-prazo. Entendo que o cenário base seja mais uma queda de 50bps no próximo Copom e, depois, uma probabilidade média/baixa de 1 ou 2 quedas de 25bps. Acho que o risco do Copom parar o ciclo no 4,5% hoje é relevante.

Acredito que haja espaço para a Taxa Selic permanecer em torno de 4,5% por bastante tempo, o que levaria a um ganho, no tempo, e no carrego, da parte intermediária e curta da curva de juros. Novamente, este é o cenário base, com risco elevados em torno dele, por isso não gosto do risco/retorno em um horizonte mais distendido de tempo.

Podemos observar que curva de juros, tanto na parte curta (jan21) quanto na parte “longa” (Jan2027) aparentemente fizeram um piso no final de outubro e, desde então, apresentaram aberturas entre 40bps e 50bps.

A sinalização do BCB, a alta dólar, uma piora nas perspectivas da inflação de curto-prazo, são alguns dos vetores que ajudaram este movimento.

Não vejo o mercado tecnicamente mal posicionado. Vejo poucos fundos com alocação relevante na classe, neste momento.

A curva longa de NTN-B apresentou-se mais comportada e, aqui, vejo algum espaço para um ganho, mesmo que pequeno, de carrego e ganho de capital na ausência de mudanças relevantes de cenário.
Este pano de fundo está em linha com o que temos escrito em nossas cartas mensais:


Renda Fixa: O mercado de juros, reais e nominais, apresentou mais um movimento expressivo de fechamento de taxas ao longo do mês. Um quadro de inflação baixa e qualitativamente positiva abriu espaço para o mercado precificar juros ainda mais baixos por mais tempo. Estamos neutros na classe como um todo. Seguimos com alocações abaixo da média no mercado de juros nominais e reais na parte curta e intermediária da curva. Ainda vemos espaço para algum carrego na parte longa, preferindo juros reais à juros nominais.





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