Treasury 10 anos acima de 2,5%, China apresenta déficit na balança comercial e fraco PIB no Brasil.

A Treasury de 10 anos parece estar rompendo o patamar “psicológico” de 2,5%, o que ETA dando algum suporte ao dólar no mundo, mas não afetando de forma permanente o humor global a risco. Caso o rompimento realmente ocorra, e acredito que seja questão de tempo para ocorrer, a velocidade de abertura das taxas será essencial para a dinâmica dos demais ativos de risco.

Reforço minha opinião de que uma abertura gradual e prolongada das taxas de juros nos EUA poderá ser bem digerida pelos mercados financeiros globais, mas um processo mais acelerado e acentuado certamente causará impacto negativo no humor global a risco. Acredito que o processo de abertura estrutural das taxas de juros será um processo de “stop-and-go”, com momentos de consolidação, pontuados por momentos de abertura mais rápida e acentuada das taxas, com mudanças significativas de patamar. Neste caso, poderemos ter maior volatilidade e incerteza por parte dos ativos de risco em momentos específicos, porém pontuais.

O destaque da noite ficou por conta de um inesperado déficit na balança comercial da China em fevereiro, com importações extremamente fortes, porém com exportações fracas. O número das importações está coerente com o cenário de recuperação do crescimento chinês, e do aumento de demanda por commodities. As exportações mais fracas, contudo, não são coerentes com todos os sinais inequívocos de recuperação da economia global. É muito provável que o período do Ano Novo Lunar na China tenha distorcido este indicador. Assim, precisaremos de mais alguns meses para tirar conclusões mais concretas em torno deste indicador.

A Goldman Sachs fez um bom resumo dos números:


Exports: -1.3% yoy in February (GS: +8%, Bloomberg consensus: +14%). January: +7.9% yoy. Sequential export growth (month-over-month, seasonally and Chinese New Year adjusted by GS, non-annualized): -1.4% in February over January, vs. +0.1% mom sa in January over December.


Imports: +38.1% yoy in February (GS: +24%, consensus: +20%). January: +16.7% yoy. Sequential import growth (month-over-month, seasonally and Chinese New Year adjusted by GS, non-annualized): +2.7% in February over January, vs. +3.6% in January over December.


Trade balance: US$-9.1bn NSA (GS: US$15.4bn, consensus: US$27 bn) in February. January: US$51.3bn.

No Brasil, a equipe econômica já considera aumento de impostos para atingir a meta fiscal deste ano, mesmo com a aparente contrariedade do presidente em torno do tema. A divulgação do PIB do 4Q, e o número fechado de 2016, com forte queda do crescimento do país, apenas confirmou um quadro de extrema fragilidade da economia do país.

As negociações em torno da Reforma da Previdência continuam. Vemos sinais de que alguns pontos devem ser negociados e alterados no texto original, mas a essência da matéria, por ora, parece que está sendo garantida. Caso comece a observar mudanças na estrutura principal do texto, e a Reforma comece a ficar desfigurada, teremos um grave problema para o país e o cenário construtivo precisará ser revisitado. Este ainda não é o cenário base, mas precisa ser acompanhado.

Em relação ao PIB divulgado ontem, segundo nossa Área Econômica:

>> O PIB veio mais ou menos em linha com o esperado no ano/ano (-2,5%), embora tenha havido uma surpresa no dessaz (mas por aspectos técnicos no ajuste sazonal). O segmento de serviços foi o principal destaque negativo (pela ótica da oferta).Na ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo apresentou uma expressiva queda no quarto trimeste (-1,6% t/t dessaz);
>> Estamos projetando crescimento de 0,4%/0,5% para 2018;
>> Houve um forte afrouxamento das condições financeiras e elevação dos termos de troca, mas o hard data continua sugerindo fraqueza no curto prazo. O que pode dar uma sensação melhor de crescimento do PIB no primeiro trimestre é a forte expansão da produção agrícola;
>> Há uma literatura de assimetria da atividade em relação ao ciclo de ajuste monetário (em aperto a atividade responde mais e em afrouxamente o hiato responde menos) que sugere que embora as condições estejam mais frouxas, a resposta da atividade pode demorar mais (leva-se o cavalo para a beira do rio, mas não há garantia que o cavalo beberá a água);
>> Questões de endividamento e desalavangem das empresas e famílias devem continuar atrapalhando no curto prazo;
>> Serviços/consumo devem continuar refletindo a fraqueza no mercado de trabalho e crédito;
>> O carrego estatístico é negativo em -1,1p.p. para 2017;
>> O setor externo contribuiu negativamente (em -0,6p.p.) para a taxa tri/tri dessaz do PIB no quarto trimestre, enquanto o ajuste nos estoques contribuiu positivamente (+0,4p.p.);


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