Fed, Trump, China PMI, Política Brasil.
Os ativos de risco basicamente mantiveram os movimentos verificados (e já comentados neste fórum) no início do dia, com a abertura de taxa de juros nos EUA dando suporte ao USD contra as moedas “low yields”, em um ambiente de bom desempenho dos ativos de risco como um todo.
Os ativos do Brasil também apresentaram bom desempenho, conseguindo diferenciar os ruídos políticos, de um potencial problema de fato para a aprovação das reformas econômicas. A pesquisa Focus, divulgada pelo BCB, mostrou mais uma rodada de recuo das expectativas de inflação para 2017, o que está ajudando a ancorar a curva local de juros.
A agenda do dia manteve a tendência recente, com um ISM Manufacturing acima das expectativas nos EUA, e atingindo o maior patamar deste ciclo econômico, e um Core PCE em linha com o esperado, confirmando que o Fed está muito próximo de atingir seus mandatos.
Na minha visão, enquanto o processo de normalização monetária por parte do Fed for percebido como gradual, a abertura das taxas de juros nos EUA será gradual e em etapas, o que permitirá um bom desempenho dos ativos de risco em geral. Caso comece a ficar a percepção de que o Fed está “behind the curve”, ou a curva passe a precificar, de maneira rápida e acentuada, um ritmo de elevação dos Fed Funds muito mais agressivo (digamos, com 3 ou 4 altas de 25bps por ano, ou mais) ai poderemos conviver com um ambiente de maior instabilidade e volatilidade. Este ainda não é cenário base.
Ainda vejo um processo relativamente longo e estrutural de alta de juros nos EUA, que deveria dar suporte ao dólar, mas de forma cada vez mais localizada.
No Brasil, enquanto a percepção de que as reformas econômicas serão implementadas, em meio a um ambiente externo favorável, deveremos ter a continuidade do bom desempenho dos ativos locais. Continuo gostando dos FRAs intermediários da curva real e nominal de juros. Ainda vejo espaço para realocações no mercado de renda variável. Acredito que o BRL possa buscar um novo range, em torno de 3,00-3,25, abaixo do range que via no início do ano, em torno de 3,10-3,50. Contudo, continuo não sendo um grande otimista com ganhos de capital na moeda local.
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As últimas 12 horas foram bastante importantes para o cenário econômico global. Vamos aos principais eventos e suas repercussões:
EUA – No final da tarde de ontem, dois importantes membros do Fed, e considerados “centristas” dentro da instituição, ou seja, vistos como o pensamento médio do comitê, Williams e Dudley apresentaram mensagens bastante claras e direcionadas de que uma alta de 25bps nos Fed Funds na reunião do FOMC de março deverá ser considerada. Está foi a indicação mais clara de todas as emitidas até o momento, em um claro esforço do Fed em preparar o mercado para seu próximo passo de política monetária.
O mercado reagiu de maneira clássica, com a curva de juros passando a precificar cerca de 70% de probabilidade de uma alta de juros de 25bps de juros em março, levando a uma abertura de toda a curva de juros nos EUA. Este movimento acabou dando suporte ao USD no mundo. Como o mercado ainda vê o processo de normalização monetária como gradual, as bolsas e as commodities continuam digerindo este processo de maneira tranquila.
Durante a noite, Trump proferiu seu tão esperado discurso ao Congresso. Eu, particularmente, achei sua fala mais ponderada e conciliadora, mesmo que mantendo suas linhas gerais de atuação. O discurso não trouxe detalhes adicionais em torno de seu plano econômico, mas reforçou as linhas gerais em torno do estímulo ao crescimento, baseado em cortes de impostos e um plano de incentivos fiscais, ambos ditos pelo presidente como agressivos. No tocante a política externa/”trade”, Trump ainda dá sinais de que pretende adotar uma postura dura nas negociações, não afastando a possibilidade na imposições de tarifas “protecionistas” e/ou alguma medida aos moldes do “Border Adjustament Tax (BAT)”.
China – Os PMI´s Manufacturings divulgados hoje, tanto do Caixin como o oficial, apresentaram alta e ficaram acima das expectativas em fevereiro. Os números continuam mostrando um quadro de robustez da economia: Segundo o Morgan Stanley: The official manufacturing PMI unexpectedly rebounded to 51.6 in February (vs. 51.3 in January, Consensus: 51.2; MSe: 51.0). Separately, Caixin manufacturing PMI (whose sample is skewed towards SMEs and private companies) also rose to 51.7 in February (vs. 51.0 in January).
Brasil – Os jornais de hoje continuam especulando em torno das dificuldades que o governo encontrará para aprovar a Reforma da Previdência. Com o retorno do recesso, e o fim do Carnaval, a mídia deverá retomar o foco no quadro político, deixando de lado as amenidades que marcaram a cobertura do Carnaval.
Acredito que deveremos ter um aumento do ruído envolvendo a Reforma da Previdência, além de novas especulações em torno de envolvidos e/ou investigados na Operação Lava-Jato. Isso pode deixar o cenário um pouco mais volátil.
De qualquer maneira, acredito que devemos manter o foco no avanço da Reforma da Previdência. Caso está avance sem alterações em sua essência, todo o resto deverá ser visto como ruído pontual. Caso a aprovação comece a se tornar mais complicada e/ou sua essência seja alterada, o cenário construtivo para o país poderá ser totalmente revertido.
Segundo O Globo: Sem seu principal articulador no Congresso, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que está de licença médica, o presidente Michel Temer terá que assumir o comando das negociações das reformas que tramitam na Câmara, em especial a da Previdência. Com pressa para aprovar as mudanças no sistema de aposentadoria e pensão, Temer reorganizou na semana pré-Carnaval sua tropa de choque na Casa, tirando de destaque o então líder do governo, André Moura (PSC-SE). O presidente entregou o cargo ao PP do deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), um dos maiores partidos da base aliada e criou a liderança da maioria, cargo que passa a ser ocupado por Lelo Coimbra (PMDB-ES), para acalmar a bancada do seu partido que reclama sistematicamente de falta de espaço nos governos dos quais participa. A saída de Moura da liderança também atende ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pediu sua demissão por divergências políticas.
De acordo com a Folha de São Paulo: Metade dos integrantes da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a reforma da Previdência se opõe à exigência de idade mínima de 65 anos para aposentadoria, e a maioria discorda de outros pontos cruciais da proposta apresentada pelo presidente Michel Temer.
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