Atenção a Treasury 10 anos, depoimentos da Odebrecht e agenda legislativa nos EUA.

Os ativos de risco estão passando por um período de consolidação, sem tendências claras de curto-prazo. O ativo que mais tem atraído minha atenção no curto-prazo é a curva de juros nos EUA e, em especial, as taxas longas do país. A Treasury de 10 anos está testando o patamar “psicológico” de 2,5%, em mais uma tentativa de rompimento definitivo deste patamar. Caso isso ocorra, e acredito que seja questão de tempo para ocorrer, a velocidade de abertura das taxas será essencial para a dinâmica dos demais ativos de risco.

Uma abertura gradual e prolongada poderá ser bem digerida pelos mercados financeiros globais, mas um processo mais acelerado e acentuado certamente causará impacto negativo no humor global a risco. Acredito que o processo de abertura estrutural das taxas de juros será um processo de “stop-and-go”, com momentos de consolidação, pontuados por momentos de abertura mais rápida e acentuada das taxas, com mudanças significativas de patamar. Neste caso, poderemos ter maior volatilidade e incerteza por parte dos ativos de risco em momentos específicos, porém pontuais.

No Brasil, um artigo de capa da Folha de São Paulo afirma que um executivo da Odebrecht, em depoimento ao TSE, confirmou um encontro com o atual Presidente Michel Temer, onde foi pedido ajuda financeira para a campanha eleitoral. O artigo não comenta, contudo, se o dinheiro foi providenciado, não fala em valores e nem se a possível doação foi feita de maneira oficial (ou não). O artigo me parece mais um ruído pontual, com uma notícia requentada, do que um risco real ao cargo de Temer e/ou ao avanço das reformas econômicas. Riscos existem, e devem ser monitorados, mas esta notícia não me parece suficiente para alterar o quadro político local.

A mídia continua dando destaque as negociações que envolvem a Reforma da Previdência. Até o momento, o avanço está em linha com o esperado. Alguns pontos devem ser alterados, mas a essência do texto parece que será preservada.

Na Alemanha, o Factory Orders apresentou forte queda de 7,4% MoM em janeiro, muito abaixo das expectativas de queda de 2,5% MoM e após forte alta de 5,2% MoM em dezembro. O número pode ter sido afetado por questões de calendário (Ano Novo Lunar na China) e não pode ser lido a valor de face. Vamos precisar de mais dados antes de conclusões precipitadas a respeito do crescimento do país/região.

Nos EUA, os Republicanos divulgaram na noite de ontem seu plano para o “Repeal and Replace” do Obamacare. O avanço deste processo está atrasado, mas a apresentação deste plano, agora, deve ser vista como positiva, pois pode unir, novamente, o partido de Trump, abrindo espaço para a implementação da agenda econômica, cujas expectativas haviam sido diluídas nas últimas semanas.


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