Crescimento Chinês, Inflação na Europa e TJLP no Brasil.

O Manufacturing PMI Oficial da China subiu de 51,6 para 51,8 pontos em março, levemente acima das expectativas de 51,7 pontos e atingindo o maior patamar desde 2012. O número de hoje confirma o bom momento da economia chinesa e da economia global como um todo, dando ímpeto a visão de “reflation” no mundo, que ainda me parece intacta, mesmo diante dos ruídos em torno da política econômica dos EUA.

Na Europa, após números fracos de inflação na Alemanha e Espanha ontem, o CPI da Área do Euro foi confirmado hoje abaixo das expectativas, saindo de 2% YoY para 1,5% YoY, abaixo das expectativas de 1,8% YoY em março. O número de hoje dá fôlego as sinalizações do ECB de que ainda é cedo para mudar a política monetária da região, que deverá permanecer bastante acomodatícia ao longo dos próximos meses. O ciclo econômico que a Área do Euro vivencia hoje ainda me parece bastante distinto daquele apresentado pelos EUA, o que terá reflexos no diferencial de política monetária entre os dois países/regiões.

Na África do Sul o presidente do país demitiu seu Ministro das Finanças. O Ministro era bem visto e reconhecido pelo mercado financeiro. Sua saída está causando uma undeprformance dos ativos do país, o que deve continuar até que o cenário político se torne mais claro.

No Brasil, em decisão extraordinária, o CMN abaixou a TJLP de 7,5% para 7,0%, em uma decisão não esperada pelo mercado. Novas mudanças na taxa devem ser anunciadas ainda hoje. Segundo Claudia Safatle, do Valor Econômico:

O presidente Michel Temer aprovou, ontem, a nova sistemática da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que deverá ser anunciada hoje pelo Banco Central. Em reunião extraordinária ontem à noite, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também decidiu cortar a TJLP de 7,5% para 7% ao ano, percentual que vai vigorar do dia 1º de abril a 30 de junho.
A decisão sobre a TJLP, que baliza os empréstimos do BNDES para o próximo trimestre, veio acompanhada da aprovação da nova taxa longa, que terá variação mensal com base na estrutura a termo das NTN-B de cinco anos.
Ontem o presidente reuniu-se com a área econômica e o comando do BNDES para aprovar o regulamento da nova TJLP, que deverá ter outro nome e começará a vigorar a partir de janeiro de 2018. O governo não pretende mexer no estoque de crédito do BNDES contratado com base na atual taxa de juros. A migração dos financiamentos do BNDES para a nova TJLP será gradual. O prazo para completar essa transição pode se prolongar por pelo menos cinco anos.
Ainda no Brasil, os jornais de hoje estão com diversas matérias com críticas que estariam vindo de dentro do próprio governo em torno da meta fiscal definida para este ano. Segundo algumas fontes existe uma insatisfação que a meta definida teria sido excessivamente apertada, o que estaria prejudicando a reação da economia e etc. Além disso, ainda existe o fantasma da possibilidade, real, de aumento de impostos, já que o contingenciamento anunciado seria insuficiente para o cumprimento da meta, mesmo com o fim das desonerações.


Na minha visão, uma política fiscal mais apertada no curto-prazo abrirá caminho para juros mais baixos no médio e longo-prazo, além de prêmios de risco mais baixo para o país estruturalmente. É verdade que existe um esforço maior da atividade no curto-prazo devido a está política, mas é o preço a se pagar de vários anos de “farra fiscal”. É natural que o meio político e a sociedade questionem a postura do Governo, mas manter a estratégia ainda me parece a melhor opção de curto-prazo, visando uma melhora estrutural dos fundamentos que abrirão caminho para um crescimento potencial maior a médio e longo-prazo. 

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