Back in Town!
Após cerca de 10 dias de pausa técnica, retorno a este fórum, primeiro em uma espécie de “soft return”, na tentativa de utilizar o final desta semana para colocar o cenário em dia, e iniciar o novo mês já com as pendências resolvidas e um cenário mais robusto definido. Não conseguirei resumir todos os fatos ocorridos neste ínterim, mas tentarei fazer um apanhado geral das coisas.
Em meu último comentário antes da parada técnica, no dia 17 de março, afirmei que:
Este fórum irá fazer uma parada técnica até começo de abril, mas retorna com as baterias recarregadas no próximo mês. Como último comentário, o dia está sendo de forte pressão na bolsa brasileira, afetada por mais uma operação da polícia federal, que investiga grandes grupos empresariais locais. A pressão sobre o setor de Alimentação/Frigoríficos acabou afetando o humor sobre toda a bolsa local. Acredito que o movimento de hoje seja um ruído pontual, e está criando a possibilidade de uma alocação maior no mercado de renda variável. Acredito que o curto-prazo poderá ser mais desafiador e com mais volatilidade, principalmente devido ao debate em torno da Reforma da Previdência. De maneira geral, contudo, ainda vejo um cenário construtivo para o Brasil e para a economia mundial.
Retorno em um momento em que o mercado de renda variável local ainda apresenta volatilidade, mas já apresentou uma moderada recuperação em relação aos pisos recentes. Ainda vejo o mercado de renda variável no Brasil, neste momento, como a melhor alocação a risco, onde tenha o melhor risco/retorno, de todos os ativos locais (e até mesmo globais).
O cenário para Brasil sofreu poças mudanças desde então. A inflação corrente e perspectiva continuam baixas, inclusive com notícias bastante baixistas para a inflação de curto-prazo, como o anúncio da devolução de recursos para os consumidores anunciado pela Aneel, que deverá causar uma baixa em torno de 15bps no IPCA. Nossa área econômica continua trabalhando com um cenário de IPCA abaixo da meta este ano e muito tranquilo para 2018.
O BCB corroborou um cenário de corte de 100bps na taxa Selic em documentos e falas oficiais, o que continua a dar sustentação a taxas de juros mais baixas no país.
A atividade econômica segue mostrando uma recuperação lenta e gradual. O balanço de pagamentos se mostra confortável, enquanto as contas públicas estão sendo ajustadas a fim de cumprir as metas determinadas para os números fiscais deste ano.
A Reforma da Previdência passa por um momento delicado, em que as negociações se tornam mais duras e explícitas. Como tenho repetido de maneira insistente, a Reforma deverá ser mais delicada do que o Teto do Endividamento. Negociações fazem parte do processo democrático e mudanças no texto original proposta pela equipe econômica devem ocorrer. O importante é que a espinha dorsal da Reforma não seja modificada. Continuo acreditando que, “aos trancos e barrancos”, uma Reforma decente deverá ser aprovada.
Além da Reforma da Previdência, o governo trabalha, ao mesmo tempo, em uma série de outras medidas, micro e macro, que aos poucos vão ajudar o país de maneira estrutural (Terceirização, Reforma Trabalhista, Concessões e etc).
Neste ambiente, ainda trabalho com um cenário construtivo para o país. Neste momento, vejo o mercado de renda variável como o melhor risco/retorno dos ativos locais. Acredito que uma posição estrutural no mercado de juros reais e nominais deve continuar fazendo parte de qualquer alocação a risco, mas o “game” de agora em diante poderá ser na parte intermediária da curva, com o mercado retirando prêmio de risco dos anos posteriores a 2017. No mercado de câmbio, continuo não sendo um grande fã do BRL, preferindo adotar postura tática na moeda. A sazonalidade de abril, contudo, poderá ajudar a manter a moeda ancorada e bem comportada, caso o cenário externo permaneça estático.
No cenário externo, serei um pouco mais breve. Os dados de atividade econômica global continuam robustos. Nos EUA, a grande novidade deste período ficou por conta da derrota do Governo Trump no “Health Care Bill”, o que colocou em xeque a capacidade do governo em implementar uma agenda de reformar realmente transformacional. Acredito que Trump e Cia. irá aprender com os erros. Acredito que exista maior apoio em seu partido, e na oposição, para uma reforma tributária mais ampla e incentivos fiscais maiores.
Assim, principalmente embasado no cenário econômico, com números robustos ao redor do mundo, continuo acreditando que estamos apenas vivenciando uma pausa no cenário de “Reflation” global e logo, logo, as tendências verificadas em fins de 2016 e começo de 2017 poderão ser retomadas.
Prefiro, neste momento, representar está visão através de posições tomadas em juros nos países desenvolvidos. Estou sem grandes opiniões para o USD (dólar) no mundo no curto-prazo, a despeito de ainda acreditar em uma alta estrutural da moeda norte americana.
O cenário ainda me parece construtivo para as commodities metálicas em geral , mesmo com as recentes medidas de aperto anunciadas pela China, e para o petróleo, com os países membros da OPEP respeitando suas cotas e, inclusive, ventilando a possibilidade de extensão do corte de produção para além da data prevista anteriormente.
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