Realização de Lucros.

Nesta quarta-feira, pela primeira vez em algum tempo, os ativos de risco, de maneira geral, sentiram os efeitos da abertura das taxas de juros nos EUA. O movimento não foi generalizado, um clássico sell-off, já que as bolsas dos países desenvolvidos mostraram alguma resiliência. Contudo, observamos movimentos relevantes de correção nas commodities, EM e FX.

Por ora, estou tratando estes movimentos como uma realização de lucro natural, e até mesmo saudável, em mercados que apresentaram forte desempenho nas últimas semanas.

Por um lado, não vejo motivos concretos para um sell-off mais generalizado e permanente. Por outro lado, ainda vejo espaço para a curva de juros nos EUA precificar mais altas de juros por parte do Fed, o que pode vir a afetar ainda mais algumas classes de ativos e, eventualmente e pontualmente, o humor global a risco.

Continuo acreditando no cenário de “reflation” global, mas muito mais concentrado e evidente nos EUA do que nas demais economias do mundo. O principal efeito disso deveria ser um aumento das taxas de juros no país, que deveria dar suporte ao dólar no mundo. Nos atuais níveis, tenho poucas convicções nas bolsas globais.

No Brasil, nos atuais níveis, acredito que o BRL irá seguir o humor global a risco. Continuo não sendo um grande fã da moeda como um ativo para se ter alocação estrutural, acreditando que deverá permanecer em um range ao longo do ano.

No Ibovespa, a correção recente de preços já criou algum valor em ativos específicos. Ainda vejo espaço para alocações estruturais nesta classe (fundos de pensão, pessoas físicas, estrangeiros e afins), mas o curto-prazo promete ser um pouco mais desafiador. Favoreceria uma postura de incrementar alocação nesta classe de forma parcimoniosa.

Finalmente, no mercado de juros, ainda vejo uma queda estrutural de taxas no país, mas o cenário de consolidação pode ser a regra do jogo no curto-prazo. Vis-à-vis a correção já ocorrida no BRL e no Ibovespa, os juros locais continuam extremamente comportados. O cenário de desinflação e a postura do BCB estão, certamente, ancorando este ativo, mas não podemos descartar correções pontuais mais acentuadas.

No tocante ao cenário econômico, no Brasil, a Produção Industrial de janeiro ficou levemente acima das expectativas, com queda de 0,1% MoM. O cenário ainda é de um crescimento lento e uma recuperação gradual do país, mas existem evidências que apontam para um primeiro trimestre um pouco mais positivo para a atividade econômica.

O dia foi marcado pela circulação de rumores em torno da frustração de receitas no âmbito fiscal, e para a possibilidade de implementação de novos impostos. Segundo a mídia, o presidente Temer seria contra a medida, mas Meirelles continua ventilando a possibilidade desta abordagem.


Nos EUA, o ADP Employment apresentou criação de 298 mil vagas de trabalho em fevereiro muito acima das expectativas (187 mil). O número não apenas cria um upside para os dados oficiais de emprego a serem divulgados na sexta-feira, como reforçam um cenário de pleno emprego e hiato do produto praticamente fechado.

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