Reflexões de Mercado

By Dan Kawa

 

Algumas reflexões após os eventos recentes:

 

Cenário Econômico: Sem grandes mudanças no cenário base. Na verdade, ele vem se confirmando. Inflação mais alta, por mais tempo; juros mais altos, por mais tempo; aumento da probabilidade de uma recessão global, começando pela Europa e migrando para os EUA e o resto do mundo. A China se encontra em fase diferente deste ciclo.

 

Eventos Idiossincráticos: Alguns eventos recentes ajudam a deixar o cenário ainda mais desafiador. Na Rússia, Putin convocando reservistas e mostrando que ainda tem enorme disposição ao combate com a Ucrânia.

 

No Reino Unido, um novo governo anunciado um pacote fiscal aos moldes de economias emergentes que, na sequência, passaram por crises substanciais. Já vimos forte pressão na moeda e nas taxas de juros do país no final da semana passada.

 

Brasil: No curto-prazo, estaremos a mercê do ambiente internacional e das eleições. Contudo, continuo vendo um cenário local mais construtivo do que aquele que vejo internacionalmente. A posição técnica do mercado é “leve” e há enorme prêmio de risco nos ativos brasileiros, com margem de segurança em muitos ativos. No curto-prazo, teremos volatilidade. No longo-prazo, vejo espaço para apreciação.

 

Há uma semana das eleições, vejo o jogo ainda em aberto, a despeito do que as pesquisas, na média, apontam. Acredito que o debate no SBT em nada tenha alterado essa dinâmica. Estamos entrando em uma semana importante para a campanha eleitoral.

 

Mercados: Os ativos de risco passaram a precificar este cenário de maneira mais eficaz ao longo das últimas semanas, com evidente queda das bolsas, commodities e cryptos; nova rodada de abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e dólar forte.

 

Começo a ter mais atenção à posição técnica, que pode ser um empecilho para essa precificação continuar de maneira acentuada nas próximas semanas (posições leves podem causar “relief rallies” pontuais, sem mudanças de tendências estruturais mais negativas):

 


Sigo com visão mais cautelosa para os ativos internacionais, especialmente nos EUA. Ainda vejo espaço para depreciação e queda, mas será um processo longo e volátil de reprecificação, como vem sendo desde o começo do ano.

 

No curto-prazo, podemos ter volatilidade. No longo-prazo, meu viés ainda é negativo. Em cenários como o atual, geralmente aparecem “corpos de baleia” boiando na praia, ou seja, algum grande player acaba “quebrando” ao longo do caminho. Pode ser um país, um banco, uma empresa, um fundo...

 

Geralmente, quando isso acontece, costuma marcar o ponto mais baixo da crise. Quem será a “baleia” dessa crise?

 

Posição: Como pilotamos um grande transatlântico e não um jet-ski, não fizemos mudanças bruscas recentes, até porque o cenário tem se desenvolvido dentro de nosso cenário base.

 


Nos últimos dias, administramos um pouco nossas proteções em bolsas internacionais, devido a queda recente. Seguimos com posições “abaixo da média” nos mercados externos, em geral.

 

Estamos começando a estudar ativos de crédito High Grade de duration curto nos EUA, assim como adicionar, de maneira parcimoniosa dívida em dólar de empresas brasileiras emitidas no mercado americano para portfólios offshore. Estávamos sem posição direcional nestes ativos desde o começo do segundo semestre de 2021.

 

No Brasil, não alteramos nosso posicionamento há alguns meses, exceto por proteções táticas pontuais, o que também não fazemos faz tempo devido a nossa visão de riscos versus retorno não favorável para executá-las nos atuais níveis de preço.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional.

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