Daily News – Brasil: Copom e Juros.

A destaque da noite ficou por conta da decisão do Copom no Brasil. O BCB decidiu, como era amplamente esperado, por manter a Taxa Selic estável, em 2%. Contudo, de forma levemente mais “dura” (hawkish) do que as expectativas, o Copom decidiu por sinalizar “o início do fim” de seu forward guidance, ou seja, sua sinalização de que os juros permanecerão neste patamar, ou abaixo dele, no horizonte relevante de tempo.

 

A despeito desta nova sinalização, o Copom afirmou que a retirada deste trecho não implica, mecanicamente, numa alta da Taxa Selic no curto-prazo.

 

Espero um “bear flattening” da curva de juros, mas tendo a acreditar no bom desempenho da parte intermediaria e longa da curva, que apresentam ainda muito prêmio de risco diante do cenário que se apresenta.

 

Na minha visão, quanto antes o BCB agir na normalização da política monetária, menos ele terá que elevar os juros. Assim, essa “surpresa” mais dura na comunicação pode acabar ajudando os vértices mais longos da curva de juros.

 

Sem mudanças relevantes no cenário externo, podemos ter alguma descompressão adicional na taxa de câmbio.

 

Não há mudanças fundamentais ou relevantes no cenário internacional. Sigo construtivo com cenário, porém um pouco incomodado com o quadro técnico:

O mercado pode simplesmente “andar de lado” nas próximas semanas, o que por si só já ajuda a descomprimir a piora dos valuations e do quadro técnico, ou podemos vivenciar alguma correção branda dos mercados.

 

Por ora, não vejo motivos para correções maiores e mais agudas, o que dependeria de uma mudança de cenário ou informação nova no horizonte.

 

De qualquer forma, sigo em busca de proteções para em torno de março/abril, para que me permita manter as alocações estratégicas com maior conforto.

 

Em novos sinais de excesso, o IPO da Doordash subiu 80% em sua estreia, enquanto as ações da Airbnb começam a negociar hoje, com valuation tendo saindo bem acima das expectativas iniciais. Vejam os últimos IPO´s nos EUA:

 

Sou entusiasta da tese de “growth” e “tech”, acho que continuará a ser um tema secular. Contudo, alguns preços e valuations, assim como dinâmica de mercado, no curto-prazo, me incomodam.

No campo econômico, o mês foi de leve queda das importações e exportações da Alemanha, em linha com os “lockdowns” da Europa e, de certa forma, já esperado:

Será o fim das “grandes cidades” após a pandemia? Ou apenas um ajuste pontual e cíclico? Façam as suas apostas...:

*As análises e opiniões são pessoais e não representam, necessariamente, uma visão institucional. 

Dan H. Kawa

CIO TAG Investimentos