Daily News – Fed & Copom.
Estamos amanhecendo com um movimento mais negativo nos ativos de risco, liderados pela queda nos índices futuros de bolsa dos EUA. O movimento, contudo, parece mais amplo, com queda no preço das commodities e leve fortalecimento do dólar no mundo.
A visão que tenho descrito neste fórum diariamente nas últimas semanas
segue sedo corroborada pelo mercado:
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Nas últimas
duas semanas vinha afirmando que ainda não via sinais de inversão de tendência
nos mercados, mas um movimento normal, natural e, até mesmo, saudável, de
acomodação, após quase 5 meses de alta ininterrupta.
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A dinâmica de
curto-prazo nos ativos de risco apenas confirma essa minha visão. Contudo,
repito que espero um ambiente mais volátil até o final do ano, diante das
incertezas que permeiam o cenário internacional, especialmente no tocante ao
pacote fiscal americano e as eleições presidências no país.
O destaque das últimas horas ficou por conta das decisões de política
monetária nos EUA e no Brasil.
Nos EUA, o Fed manteve sua política monetária estável e promoveu
mudanças apenas em seu “forward guidance”, ou seja, em sua comunicação, com
intuito de “marcar a mercado” a mudança em sua postura que já havia sido
sinalizada por Powell há cerca de duas semanas atrás.
A reação negativa dos mercados me leva a crer que existia a
expectativas (ou uma demanda) por medidas adicionais de estímulo já no curto-prazo.
No Brasil, o Copom manteve a Selic estável e também promoveu mudanças
em sua sinalização. Por um lado, não fechou as portas para cortes adicionais na
taxa de juros, mas, por outro lado, aumentou o “sarrafo” para que esses cortes
aconteçam.
Em termos de sinalização, deixou claro que a Taxa Selic deve ficar
baixa por mais tempo (ou pelo menos essa é sua intenção).
Nos últimos dias, vejo um debate em torno do cenário de inflação, um
desconforto com o cenário fiscal e o aumento do debate se o banco central não
teria “errado a mão” no nível da Selic.
Neste contexto, a comunicação de ontem teria sido (mais um) erro. Com o
“rik-off” dos mercados internacionais, precisaremos observar a dinâmica local,
mas pode haver um viés de “steeping” da curva de juros, alta do dólar e queda
da bolsa.
Voltando aos EUA e ao cenário
macro.
As vendas no varejo dos EUA
ficaram abaixo das expectativas do mercado em agosto e ainda apresentaram
revisões baixistas relevantes no mês anterior. Em especial, destaque para o “Retail
Control”, que serve de “input” para o cálculo do PIB e apresentou estabilidade
no mês.
Estes números estão em linha com nossa tese
de que estamos na terceira fase dos três ciclos econômicos deste ano. A fase em
que a recuperação em “V” dá espaço para uma recuperação mais heterógena e
errática entre os setores da economia e regiões do mundo.
Vale ressaltar que na ausência de um novo
pacote fiscal americano, a economia pode acabar passando por sérias dificuldades
em termos de crescimento nos próximos meses.
Dan H. Kawa
CIO TAG Investimentos
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