Giro do Final de Semana
O grande destaque do final de semana ficou por conta do acerto nas negociações para a extensão do Teto do Endividamento nos EUA. Este evento retira um enorme “risco de cauda” do cenário de curto-prazo. Aqui vale, contudo, algumas ponderações:
Primeiro, o Tesouro Americano será
obrigado, após o acordo, a emitir uma quantidade relevante de títulos, para
recompor o seu caixa. Isso pode retirar uma liquidez relevante do mercado e ter
algum impacto (negativo) no preço dos ativos de risco.
Segundo, a bolsa dos EUA subiu de
forma rápida e acentuada na sexta-feira, mesmo diante de um número de inflação
(Core PCE) acima das expectativas e com uma qualidade ainda desafiadora para o
processo de desinflação do país.
A dinâmica do mercado sinaliza para
que já havia alguma expectativa no mercado de acordo no final de semana
prolongado. Segunda-feira e feriado nos EUA.
O Core PCE divulgado na sexta coloca
uma pimenta adicional no debate do ciclo de juros americano. O número não
garante o conforto necessário para termos a convicção de que o processo de alta
de juros chegou ao fim, como o mercado vinha precificando.
Este é um tema sensível ao mercado.
Ele pode voltar a gerar algum debate maior, além de impacto no preço dos
grandes temas e narrativas globais.
Na China, o mercado está aprofundando
o debate em torno da perda de momento da economia. Ele é visto nos dados de
alta frequência, assim como nos indicadores oficiais. Há um novo receio em
torno da “segunda onda” de Covid no país, seu impacto na economia e uma
possível reação governamental. Este tema é incipiente, mas merece atenção nas
próximas semanas: https://www.yicaiglobal.com/news/20230523-07-chinas-second-covid-19-wave-may-peak-in-late-june-respiratory-disease-expert-says.
No Brasil, os sinais mais animadores
de recuo da inflação e os dados correntes de crescimento mais positivos
continuam ditando um tom mais positivo para os ativos locais. Vale lembrar que
a melhora local está sendo coincidente a melhora do cenário internacional.
Neste momento, me parece difícil
diferenciar qual o impacto do local e do internacional no preço dos ativos do
Brasil, mas tenho um viés de acreditar que na ausência de uma melhora no pano
de fundo externo, o rally local seria muito menor (ou até inviável).
**As análises e
opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.
Dan
H. Kawa
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