Giro do Final de Semana

By Dan Kawa

 

Este fórum terá uma pausa de 15 dias para recarregar as baterias. Este será o último comentário até meados de maio.

 

Na madrugada de hoje, o First Republic Bank (FRC) foi “comprado” pelo JP Morgan e mais um par de bancos menores. A ação reduz o risco de cauda de um evento bancário nos EUA no curto-prazo. Contudo, o mercado deverá voltar as suas atenções para o “próximo banco da fila” na corrida bancária.

 

Já há ações de outros bancos menores caindo mais de 10% no “pre market”. O regulador americano, até o momento, tem conseguido administrar essa crise de maneira suave e sem grandes contágios. Todavia, não podemos ignorar os efeitos secundários que os eventos bancários terão na economia.

 

Meu cenário base continua a ser de um relevante aperto das condições de crédito nos EUA e consequente aperto das condições financeiras, que irão atuar na direção de desacelerar o crescimento econômico do país nos próximos 6 a 12 meses. A probabilidade de recessão cresce exponencialmente neste ambiente.

 

Há um cenário alternativo, mais negativo, hoje de probabilidade ainda baixa, mas que pode crescer, de que a crise bancária se espalhe, levando uma situação de crise econômica e financeira mais rápida e acentuada. Neste momento, este não é meu cenário central, mas um cenário alternativo que precisa ser monitorado e não pode ser ignorado.

 

No Brasil, o governo anunciou mudanças na tabela do IRFP. Para compensar as mudanças e não perder arrecadação, o governo anunciou a imposição de imposto de renda sobre os rendimentos no exterior, mesmo em veículos que antes eram isentos.

 

O novo Arcabouço Fiscal ajudou a trazer alguma ancorarem de expectativas fiscais para o país, mas deixou exposto a necessidade de medidas de arrecadação. Diante de um governo que pode ser visto como mais “gastador” (alguns podem dizer que é um governo mais “populista”), qualquer medida de gasto precisará ser compensanda com aumento de impostos.

 

Neste ambiente, os investidores continuarão a buscar os setores que podem ser mais afetados por eventuais aumentos de impostos ou fim de isenções. Isso tem deixado a bolsa do país mais pressionada e mais volátil, com enorme movimentação entre os setores do Ibovespa, mesmo diante de um mercado de juros e câmbio mais ancorados.

 

Finalmente, na China, o PMI de abril mostrou queda no indicador de Serviços e de Manufatura. A despeito de Serviços continuarem em patamar elevado, a queda superior as expectativas do mercado, e um indicador de Manufatura abaixo de 50 pontos, é um sinal de alerta ao cenário de recuperação do país.

 

Vejo os números do final de semana com certa apreensão. Podemos estar diante de um ponto de inflexão (negativo) para a tese de recuperação econômica da China.

 

*As análises e opiniões são pessoais e não representam uma visão institucional.

 

Dan H. Kawa

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