Normalização Monetária Global,

O final de semana trouxe poucas novidades no front doméstico e/ou externo.

No Brasil, os partidos políticos estão promovendo suas convenções, e anunciando oficialmente seus candidatos para a corrida presidencial. No final de semana foi a vez de Bolsonaro ficar nos holofotes da mídia neste quesito. Continuo acreditando que a grande novidade do cenário foi o anúncio do apoio do “Centrão” à Alckmin, candidato do PSDB. Já comentei extensivamente sobre isso nos últimos dias (https://mercadosglobais.blogspot.com/).

No cenário externo, o G20 trouxe poucas novidades. O Grupo chamou a atenção para os riscos no cenário prospectivo, especialmente de uma recuperação do crescimento global menos sincronizada, e pelos ruídos envolvendo a postura do governo dos EUA no tocante ao comércio exterior, nada muito diferente do que temos observado quase que diariamente. O G20 não costuma ser um fórum de mudanças importantes de políticas, ou de decisões relevantes.

No final da semana passada, surgiram rumores de que o BoJ, no Japão, poderia alterar sua política monetária, com o intuito de permitir uma alta natural e gradual das taxas longas de juros no país, sem que isso acarrete em aperto das condições financeiras.

Na minha visão, este tipo de rumores ou medida apenas reforça a visão de que estamos apenas no meio de um processo estrutural, talvez multianual, de normalização monetária nas economias desenvolvidas e nas principais economias do mundo. Neste ambiente, devemos esperar mais volatilidade, mais incerteza e ajustes nos preços de uma série de classes de ativos, passados cerca de 10 anos, desde a crise de 2008 nos EUA, em que vigou um ambiente de liquidez excessivamente abundante.

O pano de fundo de baixa volatilidade e precificações excessivas dos ativos de risco está ficando para trás. Este processo de ajuste deverá ser prolongado, caracterizado por um ambiente de “stop-and-go”, ou seja, momentos de normalidade e aparente tranquilidade, como as últimas 3 semanas, pontuados por momentos de maior incerteza, volatilidade e pressão nos preços e valuations dos ativos, como vimos em fevereiro nas bolsas dos EUA, em maio e junho nos mercados emergentes e, mais recentemente, nos preços das commodities.

O Governo Chinês anunciou mais medidas de ajuste visando aliviar a situação financeira local. O país continua passando por um momento de instabilidade e fragilidade. No passado, sempre que o Governo adotou medidas mais proativas na tentativa de suavizar a situação acabou sendo bem sucedido em manter a desaceleração do país apenas gradual, e conter a pressão negativa nos ativos financeiros. Não tenho convicção se estamos diante de um cenário mais negativo desta vez, ou se, em breve, observaremos uma estabilização da situação. A risco, contudo, é que na ausência de uma estabilização, dado o tamanho de tudo que gira em torno da China, os problemas podem ser muito grandes e com reverberações e contágios globais.

A semana será de agenda um pouco mais agitada, com importantes resultados corporativos do setor de tecnologia nos EUA, as prévias dos PMIs globais e o PIB do segundo trimestre dos EUA.

Além disso, precisamos observar como irá ser o andamento das negociações comerciais entre os EUA e seus parceiros, especialmente a China e a Europa.

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