Semana Agitada!


A semana começou com poucas novidades relevantes em relação aos últimos dias.

No Brasil, a pesquisa Focus do BCB não mostrou mudanças significativas nas expectativas do mercado. As coletas de inflação continuam mostrando um quadro de inflação baixa e contida, a despeito de alguns riscos altistas à frente. O resultado fiscal do setor público ficou praticamente dentro das expectativas em junho, reforçando um cenário de fragilidade das contas públicas, o que há muito tempo já é consenso, além de se configurar como o grande problema estrutural do país.

Os ativos locais continuam seguindo o humor global a risco, com uma sensibilidade que deverá se tornar mais elevada a qualquer mudança no cenário eleitoral, à medida que as eleições se aproximam.

Continuo favorecendo uma postura tática e flexível no mercado local de câmbio. Vejo pouco prêmio na curva de juros. Contudo, com a inflação baixa e o crescimento pífio, o BCB poderá ter condições de manter os juros estáveis (ou mais baixos) por mais tempo. Vejo uma assimetria ainda bastante positiva na compra de inflação implícita na parte intermediária da curva.

No cenário externo, o destaque continua por conta da pressão negativa no setor de tecnologia da bolsa dos EUA, em detrimento a outros setores e bolsas de outras regiões do mundo. A temporada de resultados corporativos, o nível de preço e valuation, a posição técnica e o cenário macro global (normalização monetária) parecem ser os pilares que estão ditando este movimento de curto-prazo.

Ainda tenho uma visão estrutural de juros mais altos nos EUA. Vejo as bolsas globais respeitando os ranges recentes, a despeito dos argumentos (válidos e verdadeiros) de valuations atrativos em alguns mercados, posição técnica saudável e etc. Gosto de manter hedges via compra de puts de alguns índices de bolsa. Estamos com viés tático no mercado de câmbio global, com pequena posição comprada em puts de AUD. Estas posições estão sendo administradas de maneira extremamente ágil, flexível e tática.

A semana nos reserva uma agenda extremamente importante nos próximos dias:

- Decisão do BoJ, no Japão, esta noite. Nos últimos dias surgiram rumores de que o BoJ poderia anunciar mudanças na sua política monetária. Acredito que, se alguma mudança for anunciada, será marginal. Contudo, qualquer mudança, em um contexto global de normalização monetária, poderá ter impactos relevantes de longo-prazo nos mercados financeiros globais. Tenho comentado bastante sobre isso ao longo deste ano.

- Divulgação do Core PCE nos EUA na manhã de terça-feira. Após a divulgação do PIB do segundo trimestre na sexta-feira, este dado perdeu um pouco de relevância. Os números de sexta-feira apontam para um Core PCE entre 0,005% MoM e 0,100% MoM. Este número indicaria um cenário de inflação que sobe apenas gradualmente. Este pano de fundo deverá manter o Fed em um processo gradual de normalização monetária, sem necessidade de frear ou acelerar este processo.

- Divulgação do Employment Cost Index (terça-feira) e Average Hourly Earnings (sexta-feira). Estes números serão fundamentais para medirmos o acumulo de pressões inflacionárias na economia dos EUA.

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