Realização de lucros ou mudança de tendência?

A quinta-feira foi marcada por um movimento generalizado de realização de lucros dos ativos de risco. Não vi nenhum motivo específico para estes movimentos. Alguns players estão citando os recentes discursos de membros do Fed, lidos como mais hawkish se comparados a decisão do FOMC, como motivo para esta piora no humor global a risco, mas o fechamento de taxas de juros nos EUA afastam um pouco essa tese. Minha teoria é que o movimento seja puramente técnico. Ninguém esperava que os ativos de risco atingissem os níveis que atingiram nos últimos dias, após um movimento rápido e acentuado de zeragem de posições “short risk”. Agora, sem motivo aparente, e sem mudanças substanciais de cenário econômico, o mercado parece perder momentum de curto-prazo.

No Brasil, o vazamento de um lista de mais de 200 políticos que teriam se beneficiados do esquema de corrupção da Odebrecht gerou algum ruído adicional aos ativos locais. A lista foi colocada em segredo de justiça. Ainda não há uma conclusão se a referida lista representa doações legais, ilegais, ou ambas, para políticos de todas as esferas e todos os partidos. Acredito que não houve mudança de cenário para uma mudança de governo no país, mas certamente teremos ruídos e volatilidade ao longo do processo.

O IPCA-15 ficou abaixo das expectativas do mercado. O patamar ainda é desconfortavelmente elevado, mas os sinais são mais animadores para um banco central (e um mercado) ansiosos por um ciclo de queda de juros.

A conta corrente apresentou déficit superior as expectativas do mercado. Voltamos a observar um fluxo relevante de saída da rubrica de portfólio, principalmente nos papéis de renda fixa. Por outro lado, o IED continua robusto. Os próximos passos do processo político que vive o país serão determinantes para a conta financeira e uma melhor estimativa de fluxo para o país.

O BCB colocou cerca de US$850mm de swap reverso no mercado, indicando estar satisfeito com um câmbio acima de 3,60, ou melhor, estar incomodado com o movimento recente de apreciação da moeda, rápido e acentuado demais.

A última divulgação da PME manteve a tendência que vem sendo regra nos últimos meses. Desemprego em alta e forte pressão sobre os rendimentos.


Eu tenho uma visão mais cautelosa em relação ao cenário externo, mantendo algumas proteções no S&P. mantenho viés altista para o dólar no mundo. No Brasil, gosto de usar spikes para aplicar a parte intermediária da curva nominal de juros, comprar bolsa “on dips” e manter uma leve exposição vendida em BRL.

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