Brasil: Jornais já discutem abertamente governo pós-Dilma

Os ativos de risco tiveram uma noite de relativa tranquilidade, sem grandes movimentações. O destaque da manhã fica por conta de um leve movimento de fortalecimento do dólar no mundo. Como comentei aqui na segunda-feira, existe uma teoria, que ganhou muito corpo no mercado de FX nas última semanas, que teria havido um acordo tácito, nos bastidores de Davos, para evitar movimentos que levassem a mais uma rodada de apreciação, rápida e acentuada, do dólar no mundo, o que poderia acarretar uma “maxi desvalorização” do CNY. Assim, ECB, BoJ, PBoC e, principalmente, o Fed, teriam agido de forma a estabilizar as condições financeiras globais. Os movimentos recentes dos bancos centrais e, consequentemente, do mercado global de FX acabam dando ainda mais corpo a está teoria. Contudo, em um ambiente de fechamento do hiato do produto nos EUA, com as expectativas de inflação mostrando, no mínimo, estabilização (vide Michigan Confidence divulgado na sexta-feira passada) me parece que este equilíbrio seja bastante instável. Assim, mantido o cenário atual, acredito que será inevitável, mais cedo ou mais tarde, o retorno da tendência de fortalecimento do dólar no mundo. Resta saber, todavia, se este movimento será coordenado, ou trará ruptura, como observamos no início deste ano.

Na agenda do dia, destaque para o IPC-S, Taxa de Desemprego, IPCA-15 e contas externas no Brasil. A agenda nos EUA terá apenas o New Homes Sales programada.

No Brasil, na noite de ontem, a emprese Odebrecht soltou uma nota em que declara que todos os seus executivos irá aderir a um acordo definitivo de delação premiada. Ainda não se sabe se o MPF irá acabar a decisão, mas suponho que o caminho seja de acordo. A empresa e seus executivos devem colocar o atual governo em situação ainda mais delicada. Contudo, as delações da Odebrecht deverão atingir grande parte dos principais partidos políticos do país, assim como os principais personagens da cena política dos últimos anos, afetando os maiores Estados e Prefeituras das maiores cidades do Brasil. A delação pode ser um marco no cenário político e na história do país. Sem dúvida nenhuma, a conclusão deste processo levará a um país melhor. Contudo, podemos ter um vácuo de incerteza, dado a grandeza da delação e a quantidade de personagens que podem a ser incriminados.

No O Globo de hoje, um artigo afirma que Temer e Aécio já negociam um governo pós Dilma. Segundo o artigo, Fim da reeleição e reformas trabalhista, tributária e previdenciária são pontos acordados, segundo tucano.

A Folha afirma que Armínio Fraga e Henrique Meirelles são os nomes preferidos para o Ministério da Fazenda caso a presidente Dilma Rousseff sofra impeachment e o vice, Michel Temer, assuma o cargo. A Folha apurou que, embora negue publicamente, o grupo de aliados de Temer avalia os nomes para ocupar a área econômica, sensível no atual quadro de recessão. A ideia, por enquanto um rascunho, é ter no posto um nome com prestígio entre investidores do mercado financeiro e empresários. Isso ajudaria ainda ogoverno de transição a vender-se como produto de consenso de vários partidos –Armínio é ligado ao PSDB; Meirelles foi presidente do Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva. A ressalva é que o futuro ministro não pode ser ninguém com pretensões de ser candidato em 2018.

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