Incertezas dominam o cenário.

A segunda-feira foi de desempenho misto dos ativos de risco. O dólar operou sem tendência definida ao redor do mundo. As commodities ameaçaram uma reação, mas neste momento voltaram a apresentar sinais de fragilidade. O mesmo vale para as bolsas dos Estados Unidos.

Brasil -  Os ativos locais ainda reagiram aos últimos acontecimentos políticos locais, com o dólar em alta, a bolsa pressionada e a curva de juros apresentando abertura de taxa. De maneira surpreendente, contudo, observamos um movimento de steepening da curva. Acredito que este movimento esteja sendo liderado por ajustes de posições, já que o mercado me parecia excessivamente aplicado nos vértices mais curtos e, desde a decisão do Copom, vem ajustando (stopando) posições nesta direção. Acredito que o BCB será levado a promover um ajuste de juros para conter as expectativas de inflação, mas acredito que o ciclo total de ajuste adicional não deverá superar 150bps. Assim, qualquer precificação acima deste nível deve ser vista como oportunidade de posições táticas aplicadas no mercado de juros.

No curto-prazo, contudo, a incerteza política deverá gerar volatilidade e novas rodadas de reprecificação dos ativos locais. Ainda vejo espaço para deterioração dos ativos Brasileiros no curto-prazo. Como podemos observar abaixo, ainda estamos no meio de um processo de deterioração econômica, sem sinais de estabilização ou reversão desta tendência.

No cenário econômico, de acordo com nossa Área Econômica, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getúlio Vargas recuou 1,2 ponto entre outubro e novembro, ao passar de 68,1 para 66,9 pontos. Após a oitava queda no ano, o índice registra o segundo menor nível da série iniciada em junho de 2008.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas recuou 1,4 ponto em novembro, ao passar de 76,2 para 74,8 pontos. O resultado sucede altas de 0,3 ponto em setembro e 3,1 em outubro, depois de o índice atingir o mínimo histórico  em agosto.

Resultado primário melhor que o esperado -R$11,5bi (vs. BBG: -12,9bi), com déficit nominal de -29,4bi (vs. BBG: -R$34,1bi). A surpresa ficou por conta da melhor performance dos governos regionais, que no ano estão mais que entregando a meta por enquanto (superávit de R$17,1bi no acumulado do ano, mas que tende a cair com os pagamentos do final de ano). A dívida líquida veio em linha com o esperado em 34,2% e a dívida bruta também veio em linha, ficando em 66,1% do PIB. No acumulado do ano, o setor público consolidado acumula déficit primário de quase R$20bi, mas que deve piorar com a sazonalidade de pagamentos de final de ano (13º salário por exemplo), mais o risco de “despedalar” bastante em dezembro.


EUA – O Chicago PMI recuou de 56,2 para 48,7 pontos em novembro, abaixo das expectativas de 54,0. Este número tem sido bastante volátil. Além disso, o setor manufatureiro tem se mostrado mais frágil do que o resto da economia. Assim, não espero que este número altere o cenário para o crescimento do país ou da política monetária local.

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