Brasil: Deterioração adicional de cenário.

Os ativos de risco mantiveram a mesma narrativa do começo da semana, com as commodities sobre pressão, em meio a um movimento altista das bolsas. O dólar, por sua vez, apresentou uma dinâmica mais mista, com sinais de acomodação, assim como o mercado de juros norte americanos e os ativos emergentes em geral.

Em relação as commodities, vejo o movimento de queda como estrutural, mas não podemos descartar movimentos pontuais de realização de lucros (leia-se, movimentos rápidos e acentuados, porém pouco duradouros, de alta). Acredito que o movimento de alta das bolsas ao redor do mundo tenha sido técnico. O mercado me parece ter ficado excessivamente “short” após os atentados em Paris. Com a negativa do mercado em dar continuidade ao movimento baixista, com o S&P, por exemplo, falhando em romper o patamar de 2.000 pontos  ontem, os investidores acabaram sendo pegos em um movimento clássico de “short squeeze”. Não vejo muito valor nos atuais níveis de preço dos índices, com as oportunidades mais concentradas em posição específicas (setores e empresas) nas bolsas dos países desenvolvidos mas, em especial, nos EUA. O dólar continua em um movimento de consolidação após o FOMC e o Payroll, exceto pela continuidade de queda do EUR, que está fazendo novos lows recentes. Mantido o cenário atual, vejo espaço para um movimento mais amplo de alta do dólar nos próximos meses.

Brasil – A Arrecadação Federal em outubro ficou levemente abaixo das expectativas. Segundo nossa Área Econômica, “arrecadação bem fraca, com a queda interanual de crescimento se acentuando. Com o que temos visto de atividade, não parece ser o vale da arrecadação (há um certo lag em alguns tributos, o que diz que a arrecadação é mais um lagging indicator do que um leading indicator). Reforça mais uma vez os riscos para pior nos resultados fiscais...”

No que diz respeito ao crescimento, ainda de acordo com nossos economistas, “Segmento de serviços segue em deterioração na leitura ano/ano (-4,8%a/a), marcando o low da série do índice. Ainda não existe sinal de estabilização das quedas interanuais de atividade.  Corrobora um cenário de PIB de -3% em 2015 e o cenário sombrio de atividade adentra cada vez mais 2016...”

No tocante a inflação, “o IGP-10 registrou alta de +1,64% (vs. BBG: +1,48%) em novembro, pressões no IPA agrícola e industrial. Núcleos também pressionados (intermediários e bens finais), não sendo boa notícia para o IPCA. Câmbio explica parte do movimento...”


Em linhas gerais, não vemos mudanças estruturais que justifiquem o melhor desempenho dos ativos do país nas últimas semanas. Pelo contrário, na margem, exceto por um senso (talvez equivocado, na minha visão) de estabilidade do quadro político, vemos sinais de deterioração adicional do cenário econômico do país.

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