Forte alta das bolsas.

A segunda-feira foi marcada por um forte movimento de alta das bolsas ao redor do mundo. O misto de posição técnica (mercado subalocado após um mês de outubro extremamente robusto para esta classe de ativo), sazonalidade de final de ano e sinais de estabilização da economia global (PMIs saudáveis ao redor do mundo) parecem ter sido os principais vetores de sustentação das bolsas, a despeito de mais uma rodada de queda no preço das commodities metálicas e do petróleo e um desempenho misto do dólar.

Nos EUA, o PMI Manufacturing ficou estável em torno de 50 pontos, levemente acima das expectativas. Os subíndices de New Orders e Production apresentaram forte recuperação, com Inventories e Employment mostrando quedas relevantes. O setor de manufatura já vem sendo um importante detrator de emprego nesta recuperação, tendência que deve continuar, mas não alterar o cenário de recuperação para o mercado de trabalho, como vem mostrando o Jobless Claims, nos menores níveis desde a crise de 2008.

No Brasil, o feriado prolongado foi de poucas novidades. O EWZ, ETF de bolsa Brasil nos EUA, seguiu o humor global a risco e teve um dia de alta em torno de 2% neste começo de semana.

Mercados Globais - 02Nov15
Após uma noite de dinâmica mais negativa na Ásia, com as bolsas da região reagindo a divulgação do PMI na China, os ativos de risco estão iniciando o novo mês com humor um pouco mais positivo, na esteira da divulgação dos PMIs finais de novembro, na Europa, na Inglaterra, e o Caixin PMI da China, todos acima das expectativas. Os números mostram um cenário de crescimento estável e saudável na Europa, e uma tentativa de estabilização do crescimento chinês que, contudo, permanece em patamar preocupantemente baixo e frágil.

Hoje pela manhã, estamos observando uma alta das bolsas na Europa, a despeito de uma nova rodada de queda nas commodities, lideradas pelo petróleo. O dólar opera sem tendência definida no mundo, com uma leve abertura de taxa dos juros norte americanos. Eu mantenho minha visão de que o dólar deveria ganhar algum suporte diante dos eventos recentes (FOMC, Crescimento Chinês e etc), ajudando por uma tendência de abertura de taxa de juros nos EUA. O cenário continua desafiador (mais negativo) para as commodities, embora não necessariamente um ambiente negativo para as bolsas, especialmente nos países desenvolvidos, em um período sazonalmente positivo para esta classe de ativos, em um mercado tecnicamente maus alocado. Continuo vendo espaço para movimentos de diferenciação entre classes de ativos e países/regiões, nas ausência de novos vetores que venham a alterar o atual cenário.

Na Turquia, a vitória do AKP foi confirmada, com o partido mantendo uma ampla maioria no parlamento. Como o mercado esperava uma eleição mais apertada, e um parlamento mais difuso e sem uma maioria no poder, o resultado das eleições foi visto como extremamente positivo, já que as atuais políticas serão mantidas, com o "upside risk" de aprovação de reformas estruturais importantes para o longo prazo do país. Os ativos turcos operam em forte alta esta manhã, com a Lira (TRY) apreciando quase 4%. O resultado reduz o risco de novos rebaixamentos da nota de crédito da Turquia pelas agências de risco.

Na Coreia do Sul, contudo, os dados de exportação de outubro apresentaram queda de 15,8% YoY, abaixo das expectativas e o menor patamar do ano. O número reforça a visão de um cenário de crescimento ainda desafiador na Ásia, muito prejudicado pelos últimos acontecimentos na China, cujo o crescimento permanece em patamar baixo.

Mercados Globais - 01Nov15
O destaque do final de semana ficou por conta da China. O PMI Manufacturing do país ficou estável em 49.8 pontos, abaixo das expectativas de leve alta. O número reforça um cenário ainda extremamente desafiador para a economia do país. A atividade econômica mostra sinais de estabilização, mas em patamar preocupantemente baixo e frágil. Ao que me parece, novas medidas de suporte ao crescimento serão necessárias para estabilizar a economia. O cenário central continua sendo de um crescimento estrutural mais baixo do economia, com risco não desprezíveis, mas ainda não o cenário base, de períodos de desaceleração mais profunda. O número, na minha visão, mantém um viés baixista para as commodities metálicas, e altista para o dólar, em especial contas as moedas asiáticas, emergentes e dependentes das commodities.

Na Europa, Draghi afirmou que o mercado não deve tomar com certeza uma atuação do ECB na reunião de política monetária de dezembro. O cenário está em aberto, e o Comitê tem até a reunião para uma decisão final. Esta sinalização pode vir a dar algum suporte pontual ao EUR, tirando suporte de alguns ativos de risco, mas ainda não altera significativamente o cenário para a região. A probabilidade de uma ação em dezembro permanece elevada.

No Brasil, os funcionários da Petrobras estão estendendo uma greve, já em vigor, para outras áreas da companhia, com intuito de reivindicar o cancelamento da venda de ativos em curso. Além disso, o avanço das operações Lava-Jato e Zelotes continuam a se aproximar do ex presidente Lula, do núcleo de poder do PT e da base do Palácio do Planalto. O cenário político continua incerto, indefinido e delicado.

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