Brasil Update

Em meio ao ferido de Thanksgiving nos EUA, as atenções se voltaram ao cenário interno. Desde a tarde de sexta-feira, a temperatura em Brasília subiu alguns vários Graus Celsius. Tentando encurtar uma longa histórica, segue uma reprodução dos últimos acontecimentos locais:

- A prisão de Delcidio do Amaral, líder do PT no Senado, coloca mais um risco ao entorno do Planalto, pelo potencial explosivo de uma eventual delação premiada do Senador. Além disso, sua prisão causou uma total paralisia no Congresso, onde ele era visto como uma importante peça no quebra-cabeça da aprovação de importantes medidas para o ajuste fiscal. Acredito que sua prisão ainda trará imensos obstáculos ao governo. Sua família já pressiona-o pela Delação Premiada e o PT foi o primeiro a abandona-lo. Vejo dificuldades crescentes para o bom andamento do ajuste fiscal e do Congresso Nacional.

- A prisão de um dos banqueiros mais importantes do país eleva a Operação Lava-Jato a mais um nível. Além disso, do ponto de vista econômico, pode acabar gerando uma nova rodada de aperto monetário no país, com o aumento do custo de captação de alguns bancos e com a menor oferta de crédito, cenário que vem se desenvolvendo nos últimos meses, e foi reforçado pelos dados de crédito divulgados pelo BCB na sexta-feira.

- Eduardo Cunha, outro investigado pela Lava-Jato, e acuado, pode vir a dar andamento ao processo de impeachment do atual governo, ainda na semana que se aproxima. As chances de que Cunha aceite um dos pedidos de impeachment não são desprezíveis. As agências de rating já afirmaram que o impeachment seria “credit negative”. Esta estratégia, continua, seria uma boa defesa para um Presidente da Câmara acuado.

- Na ausência da aprovação da meta para o fiscal de 2015, o governo corre o risco de uma total paralisia de suas operações, aos moldes do “Shutdown” que já ocorreu nos EUA por tempo limitado, mas colocou o rating do país em observação. Com um PIB esperado de menos de -3% este ano, e com expectativas de uma contração ainda bastante acentuada em 2016, tudo que o país não precisa é de uma paralisia do governo. Acredito que irá gerar ruído no curto-prazo, mas o cenário central ainda é de aprovação da meta para este ano, cuja votação está programada para terça-feira.

- O Congresso ainda não definiu a meta de superávit primário para 2016 e há o risco de uma proposta de superávit zero, ao contrário dos 0,7% defendidos pela equipe econômica. Ainda acredito que o cenário base seja da aprovação de um superávit de 0,7% para 2016. Caso isso não ocorra, a perda do Gradu de Investimento por mais uma agência será rápida, assim como a deterioração dos ativos locais.

- Em meio a este ambiente, a agência de rating S&P visitará o país, o que elevou os rumores em torno de um novo rebaixamento da nota do país. Acredito que novos rebaixamentos estão contratados para o começo de 2016. Dependendo dos eventos citados acima, este rebaixamento pode acabar sendo ainda mais cedo.


- Um artigo da Folha de hoje afirma que o BCB trabalha com um “Plano B” caso a CPMF não seja aprovada. Seria o aumento de impostos como CIDE e IOF, que não dependem do Congresso, além da venda de ativos. Está estratégia seria inflacionária, ruim para o crescimento e incerta. Esta estratégia vem sendo usada a quase um ano. Por hora, sem sucesso. O governo para caminhar sem opções viáveis para ao juste fiscal.

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