USD: "Short Squeeze"...

A sexta-feira será de agenda relevante, com IPCA no Brasil e Core CPI nos EUA. A noite foi de agenda esvaziada. Em relação aos mercados, o destaque fica por conta de mais uma rodada de “short squeeze” no USD, movimento que me parece claramente técnico. As demais classes de ativos apresentam relativa estabilidade neste momento. Acredito que os ruídos em relação a Grécia devem aumentar nos próximos dias, tornando os ativos de risco mais sensíveis ao assunto. Não descarto a possibilidade de um “risk-off” pontual com o tempo para um acordo se esgotando, sem que hajam avanços concretos nas negociações. A piora dos ativos de risco, em especial uma relevante queda na bolsa do país e abertura de taxas de juros dos bonds locais, pode acabar sendo um importante “empurrão” para os policy makers acelerarem o este processo.

Brasil – As “pedaladas fiscais” estão dominando os jornais de hoje, como principal pilar para a abertura de um impeachment da presidente. O cenário político parece ter ganhado ovos contornos ao longo dessa semana, com o aumento real da possibilidade de abertura de um processo bem fundamentado contra o atual governo. A oposição, atuando de maneira mais agressiva nas últimas semanas, apoiada pelas últimas pesquisas de popularidade do governo, pediu a abertura de uma CPI pata investigar o BNDES. A medida será mais um obstáculo que precisará ser administrado pelo governo, em um momento de fragilidade popular e política. De acordo com o O Globo, os fundos de pensão, a anos aparelhados por partidos políticos da base aliada, apresentaram perdas enormes nos últimos anos. Já em seu artigo semanal, Claudia Safatle afirma que o governo irá alterar o modelo de empréstimo para as concessões:

O governo vai replicar, nas concessões de infraestrutura, o modelo de financiamento anunciado para as grandes empresas. Na semana passada, em reunião com a Anbima, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, formataram um desenho para os novos financiamentos com participação de recursos subsidiados do BNDES. O acesso ao máximo de crédito em TJLP será condicionado a um valor mínimo de emissão de debêntures. O detalhamento da proposta será anunciado nas próximas semanas, assim como a definição para as concessões futuras. Trata­se, aí, de começar a mudar a relação entre crédito direcionado e crédito livre e, na esteira do esgotamento dos recursos subsidiados do BNDES, buscar o desenvolvimento do mercado de capitais. O governo pretende apontar uma luz no fim do túnel e criar melhores condições para a economia no cenário pós­ajuste fiscal. Até porque o ajuste será mais factível e menos doloroso na medida em que se adiantar a perspectiva de retomar a trajetória de expansão da atividade. Se há uma possibilidade de tirar o país da estagnação/recessão em que se encontra e criar um horizonte para a retomada do crescimento, ela está nos projetos de infraestrutura, avaliam fontes oficiais. Nessa área, a demanda é imensa. 

Ásia – Acho interessante chamar a atenção para a forte recuperação das exportações de Singapura em março. Por ser uma economia extremamente aberta, e um importante hub mundial de comércio internacional, muitos olham o país como uma Proxy para o crescimento global. A expressiva alta nas exportações de março, mesmo descontando o fato do número ser bastante volátil, mostra uma economia mundial ainda saudável, dando a impressão que a desaceleração do começo do ano foi pontual, e deverá ser revertida ao longo dos próximos meses.

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