Brasil: Copom em destaque

Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira com a mesma dinâmica com a qual encerraram a quarta-feira. O destaque fica por conta da continuidade do sell-off nos bonds na Europa e nos EUA, o que está dando um tom de correção para o mercado de renda variável e renda fixa. A despeito do EUR operar em alta, contudo, já podemos observar uma fraqueza nas moedas EM e “high yields”, como AUZ e NZD, por exemplo. Como comentei ao longo da quarta-feira, vejo o rompimento do patamar de 2,00% nas Treasuries de 10yrs como um movimento técnico relevante, que pode acabar puxando o mercado a níveis mais elevados, em torno de 2,20%-2,25%. Este movimento, caso confirmado, tenderia a ser negativo para os ativos de risco em geral, como bolsas, moedas e commodities. Ainda vejo está dinâmica como puramente técnica, já que não há mudanças acentuadas de fundamentos que justifiquem estes movimentos neste momento. Contudo, não podemos desprezar os sinais do mercado, o que requer maior cautela nos portfólios no curto-prazo, ater porque mercados parecem operar sem grandes tendências definidas a algumas semanas.

A agenda do dia será importante, com ECI, Jobless Claims e Chicago PMI nos EUA. Os dados finais das contas fiscais do Brasil serão o destaque da agenda local.

Brasil – Como era amplamente esperado, o BCB elevou a taxa Selic em 50bps. O comunicado após a decisão, ao contrário do que alguns esperavam, contudo, foi lacônico, e uma repetição do comunicado usado nas últimas reuniões do Copom. Eu acredito que o BCB esteja em busca de flexibilidade de atuação nas próximas reuniões, e a falta de sinalização clara, para uma reunião que só ira ocorrer daqui  a 45 dias, é parte desta estratégia. Ainda acredito que estamos próximos ao final do ciclo de alta de juros, mas certamente o BCB não deu nenhum sinal neste direção, pelo menos em seu comunicado. Assim, o mercado deve precificar uma maior probabilidade de continuidade do ciclo de ajuste, no mesmo ritmo que o atual. Assim, espero uma abertura de taxa da parte curta da curva de juros, com viés de flattening. O BRL deveria apresentar performance relativa mais positiva do que seus pares no curto-prazo. O BCB prova, uma vez mais, que está totalmente comprometido com seu programa de retomar a credibilidade perdida nos últimos anos, com um objetivo claro de trazer a inflação e suas expectativas ao centro da meta.

Europa – A manhã foi de dados mistos na região. O PIB do 1Q na Espanha apresentou alta de 0,9% QoQ, acima das expectativas de alta de 0,8% QoQ. Contudo, as vendas no varejo de março na Alemanha apresentaram forte queda de 2,3% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 0,5% MoM. Na França, o mesmo indicador apresentou queda de 0,6% MoM, em linha com as expectativas. Voltando a Alemanha, o desemprego em abril apresentou queda de 8 mil indivíduos, com a taxa de desemprego ficando estável em 6,4%. Finalmente, na Área do Euro, a taxa de desemprego ficou estável em 11,3% em março, com o CPI de abril saindo de -0,1% YoY para 0,0% YoY, dentro das expectativas do mercado. A despeito da volatilidade de alguns indicadores correntes de atividade, não me parece haver mudanças significativas no cenário de longo-prazo para a região. Ainda vejo um ambiente relativamente positivo para o crescimento da Europa, com uma inflação baixa dando suporte a uma política monetária ainda bastante expansionista no horizonte relevante de tempo.

Japão – O BoJ manteve sua política monetária inalterada a reunião realizada ao longo da noite, o que já era esperado pelo mercado.

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