PMI´s em foco

Após uma noite de elevada volatilidade dos ativos de risco (o S&P operou em uma banda entre 2033.5 e 206.75 e o EUR entre 1.0719 e 1.0792, por exemplo), os mercados globais estão operando próximos a estabilidade em relação ao fechamento de ontem neste momento. O destaque ficou por conta dos PMI oficiais, com a China apresentando leve, mas surpreendente recuperação, e a Europa confirmando um quadro mais positivo de crescimento que já havia sido sinalizado pelas prévias.

A agenda do dia será um tanto quanto agitada, com PIM no Brasil, além do ADP Employment e do ISM Manufacturing nos EUA. O ADP Employment é especialmente relevante, por ser o último e o melhor indicador antecedente para os dados oficiais de emprego a serem divulgados na sexta-feira. Como o Fed tem dado atenção especial ao mercado de trabalho, e indicado que o emprego será o fiel da balança na decisão de como e quando proceder no começo de um processo de alta de juros, qualquer surpresa nesta frente, para cima ou para baixo, pode acabar determinando a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco.

Brasil – Após intensas negociações, mas mesmo na ausência de um acordo, o Congresso decidiu adiar, mais uma vez, a votação do indexador das dívidas de estados e municípios. Com o feriado na sexta-feira, caso queiram proceder com esta postura, a medida só entrará na pauta novamente na semana que vem. Assim, o governo ganha mais tempo na condução de suas negociações junto à base aliada. Segundo a Folha de hoje, o contingenciamento que será anunciado em breve pode chegar a R$80B, o que seria um valor vultoso e deveria ser bem visto pelo mercado, caso confirmando:

Diante dos decepcionantes resultados das contas públicas nos dois primeiros meses, a equipe da presidente Dilma considera que pode ser obrigada a fazer um corte de gastos do Orçamento bem mais forte do que o previsto inicialmente, podendo ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.
A própria presidente, em entrevista nesta terça-feira (31) à Bloomberg, já sinalizou esse caminho. "Vamos fazer um grande corte. Um grande contingenciamento."
As declarações da presidente e as avaliações de sua equipe foram feitas após dados do governo mostrarem que o ajuste fiscal do segundo mandato de Dilma ainda está longe de surtir efeito.
O Tesouro teve deficit recorde em fevereiro, a poupança do bimestre foi inferior à do ano passado e a dívida pública se manteve em alta.
Diante dos resultados, segundo um assessor presidencial, a intenção inicial de cortar cerca de R$ 58 bilhões dos gastos do governo federal em 2015 já é vista como insuficiente para reequilibrar as contas públicas, levando em conta ainda o risco de o Congresso não aprovar todas as medidas do programa fiscal.
Ainda não há uma decisão final sobre o tamanho da contenção de gastos, chamada tecnicamente de contingenciamento, mas ele será, de acordo com assessores, no montante necessário para garantir o cumprimento da meta de superavit primário deste ano, de 1,2% do PIB, equivalente a R$ 66,3 bilhões.

China – O PMI Manufacturing oficial saiu de 49.9 para 50.1 pontos, levemente acima das expectativas e 49.7 pontos em março. Os números deste começo de ano ainda estão sendo afetados pelo período de Ano Novo Lunar no país. O PMI mostra um economia ainda bastante frágil, com sinais incipientes de estabilização. Diante deste quadro, podemos esperar novas medidas de suporte ao crescimento por parte do governo. Contudo, mantenho uma visão mais cautelosa em torno da economia chinesa ao longo deste ano, com um crescimento estruturalmente mais baixo, e sem capacidade de uma reversão mais acentuada do crescimento. As medidas anunciadas até aqui irão ajudar a colocar um piso na economia, mas dificilmente veremos uma aceleração maior do crescimento.

Europa – O PMI Manufacturing encerrou o mês de março saindo de 51.9 para 52.2 pontos, acima das expectativas de 51.9. Os números recentes continuam mostrando uma economia em recuperação, mas com inflação ainda extremamente baixa. Não é a toa que os ativos da região vem mostrando forte resiliencia diante  deste ambiente.

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