Brasil e Grécia em Foco

Brasil – Algumas notícias chamaram a atenção no final de semana. O governo está trabalhando para um novo pacote de concessões, o que havia sido sinalizado por Nelson Barbosa no começo do novo mandato, mas um projeto que ainda estava às escuras. Agora, após o anuncio do pacote de ajuste fiscal, o governo parece estar trabalhando em uma nova rodada de concessões. Os jornais de domingo, contudo, dizem que não há nenhuma definição a este respeito, pelo menos por enquanto. Após uma extensa reunião ontem, entre os principais ministros do governo, ficou acertado que novos encontros precisam ser feitos antes de um anuncio oficial. Caso confirmado, seria uma medida positiva do ponto de vista fiscal e de crescimento.

Por outro lado, segundo um artigo do O Globo de sábado, uma grande discussão entre Levy e Cunha poderia colocar o ajuste fiscal em perigo. Cunha nega a história, colocando “panos quentes” na situação, em uma tentativa de minimizar as diferenças entre ambos. Já a equipe de Levy não se pronunciou sobre o assunto. A questão é negativa mas, por hora, apenas ruído. Eduardo Cunha tem deixado a vida do governo conturbada, ganhando espaço e poder na administração pública. Contudo, no final das contas, tem dado andamento nas questões relevantes do ponto de vista econômico para o país. Além disso, a bancada do PSDB na Câmara, a despeito de uma postura mais conservadora de Aécio e dos demais caciques do partido, quer dar andamento ao pedido de afastamento da presidente. Este será um desafio que teremos que conviver ao longo dos próximos meses. A situação política é fluída, porém ainda bastante conturbada, o que poderá trazer incertezas ao cenário à medida que o tempo for passando.

Em entrevista ao jornal O Globo, o novo presidente da Petrobras afirmou que Vamos investir no hedge (proteção cambial). Já temos um hedge muito bom, mas não cobre tudo. Determinadas dívidas e captações em outra moedas não estão com mecanismo de proteção. Vamos contratar ou desenvolver mecanismos de proteção.” As declaraçõesconfirmam, mais uma vez, que o governo trabalha com um câmbio mais depreciado no futuro. Caso contrário, não estaria falando em utilizar um hedge total da dívida e das operações da empresa. Não tenho dúvida de que existe uma comunicação interna no governo em torno deste tema. Além disso, mostra uma demanda estrutural por USDBRL no mercado corporativo.

Grécia – De acordo com a mídia internacional, as reuniões do Eurogroup na sexta-feira foram pouco produtivas. Além da ausência de avanços concretos, alguns países já demandam a discussão de um “plano B” caso a Grécia não chegue a um acordo junto a seus credores. À medida que o tempo passa, e nenhum acordo é encontrado, crescem os riscos de contágio e rodadas negativas nos ativos de risco. Ainda vejo o cenário base como um acordo intermediário, com os credores alongando ainda mais a dívida do país, mas com a Grécia se comprometendo com parte do ajuste fiscal proposto. Porém, talvez tenhamos que passar por um período mais turbulento e negativo antes que este acordo seja firmado.

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