Dia de agenda cheia

A quarta-feira será extremamente importante para os ativos de risco, com o PIB e a reunião do FOMC nos EUA e a decisão do Copom no Brasil. Todos os eventos do dia são capazes de determinar a dinâmica de curto-prazo para os ativos de risco.

Brasil – Acredito que o cenário base hoje seja o Copom elevar os juros em 50bps, com a divulgação de um comunicado lacônico após a decisão, muito parecido (ou idêntico) ao comunicado após a última reunião. Atribuo probabilidade de 60% a este cenário. O cenário alternativo seria uma alta de 25bps, com um comunicado mostrando a intenção de se manter vigilante nos próximos meses, ou seja, sem indicar a possibilidade de cortes de juros no horizonte relevante de tempo. Este cenário me parece ter a probabilidade de cerca de 30%. Finalmente, acredito que haja a probabilidade em torno de 10% de uma alta de 50bps, porém com fortes indicações de que o ciclo chegou ao fim, ou está muito próximo dele. Neste ambiente, vejo valor na curva local de juros, especialmente na parte curta e intermediária da curva.

EUA – No atual nível de preço da curva de juros no país, não vejo nenhum ganho para o Fed em adicionar volatilidade ao mercado neste momento. Assim, espero um comunicado neutro, que procure simplesmente fazer o “market-to-market” do cenário, ou seja, apontar para a fraqueza da atividade no curto-prazo, porém sinalizar para a aparente estabilização da inflação e das expectativas de inflação. Eu tenho o receio, contudo, que a ausência de indicações mais claras de adiamento do começo de um possível ciclo de alta de juros no país, possa ser interpretada como mais hawkish pelo mercado. O Fed tem um enorme desafio em manter viva as expectativas para uma alta de juros ainda este ano. Com a curva embutindo probabilidade de 50% de uma alta de 25bps apenas em setembro, e apenas uma alta completa de 25bps em todo este ano, não vejo ganhos em fazer a curva shiftar ainda mais para baixo em termos de taxa para, eventualmente, no futuro, uma abertura de taxas ser muito mais rápida e acentuada, quando o início do processo de alta de juros realmente vier a ocorrer.


Europa – Na Área do Euro, o M3 saiu de 4% para 4.6% YoY em março, muito acima das expectativas de 4.3% YoY. O número mostra uma clara aceleração nos últimos meses, em um evidente sinal de que a política monetária mais agressiva por parte do ECB está tendo o efeito desejado, não apenas estimulando o crescimento, como destravando os canais de crédito na região. O Economic Confidence de abril caiu marginalmente, de 103,9 para 103,7 pontos, levemente abaixo das expectativas de estabilidade. A despeito da queda, o indicador continua em patamar robusto e consistente com um crescimento saudável ao longo deste ano. Acomodação em torno dos highs, em tendência de alta, são amplemente naturais e saudáveis em ciclos de crescimento econômico. Finalmente, na Alemanha, os indicadores de inflação regionais foram, a primeira vista, mais mistos.

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