Update Carnaval.


A terça-feira teve como destaque mais uma rodada de dados econômicos robustos nos EUA, o que manteve a precificação de cerca de 50% de probabilidade de uma alta de juros por parte do Fed em março. Além dos dados econômicos, a mídia aumentou as especulações em torno do discurso de Trump está noite. A possibilidade de implementação de alguma forma de “Border  Adjustment Tax” voltou a pauta, assim como alguma forma de expansão fiscal e algum pacote de infraestrutura.
Enquanto temos poucas informações em torno da política econômica de Trump, e da velocidade de sua implementações, a economia dos EUA continua mostrando um quadro de robustez, com um hiato do produto praticamente fechado e um mercado de trabalho muito próximo a pleno emprego, o que por si só já justifica a continuidade do processo de normalização monetária por parte do Fed, mais cedo do que tarde. A potencial política econômica de Trump apenas aceleraria este processo.
O PIB do 4Q ficou estável em 1,9% QoQ Anual., abaixo das expectativas de 2,1%. A abertura mostrou robustez do Consumo, e alguma fraqueza dos Gastos Governamentais e Investimentos, o que deverá ser reforçado no Governo Trump. O Chicago PMI subiu de 50,3 para 57,4 pontos em fevereiro, acima das expectativas de 53,5 pontos. O Consumer Confidence passou de 111,6 para 114,8, também acima das expectativas.
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O destaque do dia ficou por conta da reprecificação do mercado em torno da reunião do FOMC de março, que passou a precificar cerca de 50% de probabilidade de alta de 25bps. A parte longa da curva “devolveu” grande parte do fechamento de taxas de juros apresentado na sexta-feira.
Parte deste movimento pode ser explicado pela redução da percepção em torno do risco das eleições na França, com as últimas pesquisas apontando para a vitória de um candidato mais moderado (Macron).
Além disso, o orçamento de Trump começa a ganhar corpo, com a mídia reportando uma alta de 10%, ou cerca de US$55bi nos gastos militares.
O Durable Goods Orders ficou abaixo das expectativas, mas após revisão altista do mês anterior. O número pode ser classificado como apenas levemente abaixo das expectativas, mas pode ter sido distorcido pela data do Ano Novo Lunar na China.
A agenda econômica continua carregada amanhã cedo, mas todas as atenções estarão voltadas ao discurso de Trump no Congresso.
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No Brasil, após um sábado de intensa cobertura do mídia em torno dos obstáculos à frente do Governo Temer neste momento, o domingo deu lugar a cobertura do Carnaval, sem maiores desdobramentos em torno dos problemas que afetam o governo no curto-prazo.
No cenário internacional, o final de semana não trouxe um fluxo de notícias intenso. A agenda da semana será mais carregada de indicadores econômicos nos EUA, que podem determinar os próximos passos de política monetária por parte do Fed.
Além disso, todas as atenções estarão voltadas ao discurso de Trump no Congresso. Espera-se que o presidente dos EUA apresente, no mínimo, um panorama geral de sua agenda econômica. Nas últimas semanas, o mercado reduziu substancialmente as expectativas e o timing esperado para a implementação de uma agenda agressiva de corte de impostos, incentivos fiscais e um plano de recuperação de infraestrutura. Trump terá a oportunidade de retomar essas expectativas, ou reforçar os receios do mercado em torno de sua agenda.
Na Europa, os ruídos em torno das eleições na França precisam ser monitorados, já que vem afetando de forma clara a dinâmica do mercado de papeis soberanos na Europa, com reverberações para o resto do mundo desenvolvido.
Finalmente, ainda existe uma dúvida de até que ponto a aparente estabilidade da economia da China será sustentada.
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Os jornais de sábado derão ampla cobertura e atenção as denúncias realizadas no final da semana passada contra o Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha. O Ministro está afastado do cargo por problemas de saúde. De acordo com a mídia, contudo, citando pessoas próximas ao Planalto, o retorno de Padilha estaria comprometido, e seria extremamente difícil na atual conjuntura.
Padilha é visto como um importante articulador político junto ao Congresso, além de fiador das Reformas Econômicas. Sua saída seria uma perda grande ao Governo Temer, e mais um importante personagem do entorno do Presidente ao ser obrigado a abandonar o cargo nos últimos meses.
Existem especulações de que Henrique Meirelles poderia assumir a pasta, deixando o Ministério da Fazenda para mais um economista de renome. Sua indicação daria impulso a uma eventual candidatura a presidente de Meirelles em 2018, e não, necessariamente, enfraqueceria a Fazenda caso um economista de respeito fosse indicado ao cargo. O risco, contudo, é que Meirelles não tenha o mesmo traquejo político de Padilha no tocante ao diálogo com o Congresso, e que o novo nome da Fazenda não fosse forte o suficiente para tocar as reformas econômicas. Por ora, tudo não passa de especulação.
Na minha visão, é inegável que o Governo passa por um momento delicado, que merece atenção especial. O Carnaval pode ajudar a acalmar ao ânimos. Acredito que a mídia continua exagerando, por vezes, para o lado negativo, a real situação do Governo.
De qualquer maneira, temos que manter o foco no andamento das reformas. Enquanto a aprovação (em especial) da Reforma da Previdência esteja caminhando, o cenário segue construtivo, a despeito de ruídos pontuais. Se começarmos a observar sinais de dificuldades maiores em sua aprovação, ou em um eventual cenário em que a Reforma seja desfigurada, o cenário pode se tornar extremamente negativo.  




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