Relatório Mensal de Asset Allocation:
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Em fevereiro, se consolidou um cenário de recuperação da
  economia global, no que ficou conhecido pelo termo “reflation”. Segundo esta
  teoria, o mundo passa hoje por um processo coordenado de recuperação
  econômica e, consequentemente, por uma normalização / elevação dos índices de
  inflação nas principais economias globais. 
Os indicadores econômicos divulgados ao longo do mês
  reforçaram essa visão com uma impressionante recuperação de praticamente
  todas as economias do mundo, mas com destaque para os principais motores de
  crescimento, tais como EUA, Europa e China. 
As incertezas envolvendo a nova administração norte americana
  ainda persistem, mas percebemos uma leve mudança de tom em relação aos temas
  mais polêmicos já propostos pelo presidente dos EUA. Por outro lado, ainda
  não está claro qual será o tempo adequado, e quanto apoio do Congresso Trump
  terá para colocar em prática sua agenda econômica. 
Olhando para frente, devemos ficar atentos a velocidade do
  processo de normalização monetária nos EUA, em meio a um ambiente em que o
  mercado de trabalho se mostra próximo ao pleno emprego, o hiato do produto
  nos parece praticamente fechado e já observamos uma elevação nos índices de
  inflação. Uma postura agressiva da nova administração no tocante a incentivos
  fiscais só tenderia a acentuar este cenário, tornando o trabalho do Fed menos
  trivial. 
Na China, a despeito de um cenário mais positivo para a
  economia nos últimos meses, vemos um governo mais preocupado em administrar
  bolhas em mercados específicos e evitar problemas maiores no futuro. Assim,
  já observamos algum aperto, induzido pelos policy makers, nas condições financeiras,
  o que pode vir a desacelerar a economia em algum momento dos próximos meses. 
Na Europa, entraremos em um calendário mais carregado de
  eleições, que podem trazer alguns ruídos pontuais ou, até mesmo, mudanças
  substancias de cenário. Até o momento, estes riscos são vistos como reais,
  mas com probabilidade baixa de ocorrência. 
No Brasil, continuamos trabalhando com um cenário de
  arrefecimento da inflação, recuperação lenta da atividade econômica e 
  um balanço de pagamentos tranquilo. Ainda acreditamos no avanço das reformas
  econômicas, mas entendemos que a aprovação da Reforma da Previdência é
  essencial para manter o cenário construtivo para o país. 
As próximas semanas
  serão fundamentais para a agenda de reformas. Existem muitos ruídos políticos
  induzidos pelas investigações envolvendo a Operação Lava-Jato, mas
  acreditamos que, por ora, a agenda de reformas não foi prejudicada.
  Precisamos manter o foco nesta agenda, tentando diferenciar ruídos pontuais
  de mudanças efetivas de cenário.  
Alocação/Estratégia: 
No tocante às recomendações, mantemos nossa visão praticamente
  inalterada (vide tópicos reproduzidos abaixo), mas estamos cada vez mais
  atentos a eventuais riscos de correções e/ou realizações de lucros, mesmo que
  pontuais. 
Três vetores, de maneira geral, concentram nossas atenções
  neste momento. São eles: 
Cenário: Ainda trabalhamos com um cenário construtivo para os
  fundamentos do país. Contudo, grande parte deste otimismo reside na
  expectativa de aprovação das reformas econômicas. Caso os próximos passos das
  reformas e, em especial, a Reforma da Previdência, não avancem na direção que
  acreditamos ser razoável para a estabilização do país, teremos que rever
  nosso cenário. Ainda vemos este risco como de baixa probabilidade, mas
  entendemos que os ruídos em torno deste tema devem aumentar nos próximos
  dias. 
Posição técnica: Vemos espaço para o aumento da alocação
  estrutural em ativos do país. No curto-prazo, contudo, já observamos alguns
  players com alocações significativas em algumas classes de ativos, o que
  requer alguma cautela. Ainda não vemos este vetor como um impedimento para a
  continuidade de melhora dos ativos locais, mas pode se tornar uma restrição
  ao longo do tempo, mesmo que pontualmente. 
Nível de preços: já observamos um movimento expressivo de
  recuperação dos ativos locais (BRL, Ibovespa e Juros). Nos parece claro que
  estamos no meio de uma tendência de recuperação do Brasil e de seus ativos, o
  que torna sempre difícil qualquer análise de “fair value”. Vemos espaço para
  novas rodadas de apreciação dos ativos locais, mas os níveis atuais nos fazem
  ligar um “sinal amarelo” de curto-prazo. 
Abaixo, segue nossas principais visões: 
- No mercado de juros, vemos espaço para um processo
  estrutural de queda de taxas no Brasil. O momento continua favorável para o
  mercado de juros, mas o mercado migrou de maneira relativamente rápida para
  muito perto do que deve ser o cenário base. Sempre existe espaço para
  surpresas positivas (inflação mais baixa) e, consequentemente, um ciclo ainda
  mais acentuado de queda de juros. É natural supor, contudo, que o mercado já
  não apresenta, neste momento, a mesma assimetria positiva de poucas semanas
  atrás. 
- No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável
  para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao
  dólar do mundo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar
  posições estruturais. Víamos um range entre 3,10-3,50 para o BRL ao longo do
  ano. Nas últimas semanas, todavia, ficou claro que existe um forte fluxo
  reprimido de recursos para o país, o que pode acabar levando a moeda local a
  níveis ainda mais apreciados no curto-prazo, especialmente diante de um
  cenário externo benigno para os países emergentes com fundamentos saudáveis. 
- No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento
  dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos
  se consolide. Tudo indica que ainda existe um enorme fluxo reprimido para
  esta classe de ativos, especialmente dos estrangeiros, investidores
  institucionais e pessoas física, o que deve suportar os níveis de preço, e
  conter as realizações de curto-prazo. 
Fundo Icatu Vanguarda
  Macro Fundo de Investimento Multimercado: 
Desde de fins de 2016 trabalhamos com 3 temas principais de
  investimentos: (1) juros estruturalmente mais baixos no Brasil, (2) juros
  estruturalmente mais elevados nos EUA, (3) uma alta do dólar no mundo,
  ajudado pelo cenário de crescimento/inflação no país. 
Mantemos nossa visão inalterada no tocante a estes 3 temas. 
O Fundo adicionou uma posição, que consideramos pequena,
  aplicada em um FRA na parte intermediária da curva de juros reais. Nossa
  visão é de elevar está exposição em um momento oportuno. 
Elevamos a alocação tomada na curva longa de juros dos EUA. Em
  fevereiro, vivenciamos um cenário ambíguo (que vimos como uma oportunidade de
  aumentar a alocação nesta classe de ativo), em que os indicadores econômicos
  mostraram avanço nos mandatos do Fed em relação a inflação, emprego e
  crescimento. Contudo, observamos um fechamento das taxas de juros, em muito
  induzida pelo receio político em torno das eleições na França. Utilizamos
  este movimento como uma oportunidade de aumentar a alocação nesta classe de
  ativo. 
O Fundo manteve uma posição comprada em dólar contra uma cesta
  de moedas, administrando apenas seu tamanho, sua composição e os instrumentos
  para expressar esta visão. | 
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