"Velhas Novidadades"

A semana se inicia com um pouco de “mais do mesmo” do que já vem sendo regra nos mercados este ano: Sinais de avanço nas tratativas entre EUA e China para um acordo comercial, além de sinalizações de medidas adicionais de estímulo na China.

Estes dois vetores, somados a pausa no processo de normalização monetária por parte do Fed, são os principais responsáveis pela estabilização do humor global a risco este ano.

Neste momento, impera uma expectativa de que o mundo está passando, ou já passou, pelo seu pior momento do "mini-ciclo” de desaceleração, e podemos, de agora em diante, esperar dados mais positivos. 

Na China, alguns sinais, ainda muito incipientes, já são visíveis. Na Europa, o cenário ainda me parece mais preocupante. Já nos EUA, começamos a ver, apenas agora, sinais de desaceleração, mas ainda para patamares aceitáveis, ou saudáveis. Falarei um pouco mais sobre os EUA em breve.

Em relação ao mundo, ainda vejo este curto-prazo como mais positivo, que tenho cunhado de “interregno benigno". Continuo vendo está equilíbrio como instável. Primeiro, caso a economia global não se estabilize, poderemos entrar em um risco exponencial de recessão. Segundo, caso vejamos uma aceleração, o Fed pode retornar seu processo de normalização monetária, já que o mercado de trabalho ainda se encontra apertado, com acumulo de pressões inflacionárias. Vamos "surfado” este otimismo enquanto ele dura, mas adicionando proteções e hedges nas carteiras. 

Minhas conversas recentes com gestores, a dinâmica do mercado e os preços dos ativos me levam a crer que o risco de retorno do processo de normalização monetária por parte do Fed é hoje um perigo maior aos ativos de risco e, em especial, aos ativos emergentes e ao Brasil.

Voltando aos EUA, vimos números mais negativos no final da semana passada. Parte disso pode ser explicado pelos efeitos negativos do "shutdown" (da paralização do governo por quase 2 meses), mas outra parte é fruto dos efeitos da desaceleração do resto do mundo. Os números mostram um crescimento ainda saudável mas o "delta” de desaceleração começa a chamar a atenção. 

Se o mundo, de fato, estabilizar, como o mercado hoje espera, veremos os EUA desacelerar proporcionalmente mais do que o resto do mundo. Por isso, continuo gostando de posições vendidas em dólar, por ora, contra JPY e CHF, para compor portfólio. Estou analisando outros pares que possam fazer sentido nesta tese.

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