Payroll

Os dados de emprego dos EUA foram inequivocamente fracos. Pode ser que o mês de maio tenha apresentando algumas distorções pontuais, mas a profundida da fraqueza apresentada nos detalhes dos números remete a uma evidente desaceleração do mercado de trabalho.

Neste momento, acho que precisamos diferencias os movimentos de curto-prazo do cenário de longo-prazo. Nas últimas semanas, com a mudança de postura do Fed, vimos um movimento generalizado de dólar forte, abertura de taxas de juros nos EUA, pressão em alguns países emergentes e nas commodities, mas bom desempenho das bolsas dos países desenvolvidos. É natural supor que parte destes movimentos seja revertido no curto-prazo, o que já está ocorrendo.

Contudo, acredito que uma desaceleração dos EUA, caso confirmada, aliada aos sinais de desaceleração globais, especialmente (mas não apenas) na Ásia, colocam o mundo em uma situação bastante delicada. Vale frisar que eu não trabalho com um cenário de crise ou recessão. Todavia, temos que ser honestos que, diante de um mundo que cresce pouco, com os PMIs perigosamente em torno de 50 pontos, mas com viés baixista, eleva a probabilidade de um período mais turbulento para a economia mundial. Mesmo que este não seja o cenário base, os últimos indicadores de crescimento, no mínimo, aumentam as chances do mercado precificar, pelo menos no curto-prazo, um maior risco de recessão.

Assim, mesmo com convicção ainda baixa, acredito que precisamos ter cuidado com a reação dos ativos de risco no curto-prazo. Se o cenário descrito no parágrafo acima for confirmado, podemos observar a volta da pressão nas moedas emergentes, em um ambiente de EUR, CHF e JPY em alta. Um mundo que cresce pouco não me parece positivo para as commodities, e muito menos para os países emergentes, muitos deles alavancados, que precisam, urgente, de crescimento. Além disso, o patamar atual de algumas bolsas ao redor do mundo parece trabalhar com um crescimento acima do que os dados correntes apresentam. Em suma, a reação dos ativos de risco no curto-prazo será levada pelo quadro técnico, que havia por indicadores recentes, mostrou um aumento da exposição comprada em dólar, vendida em commodities e vendida em ativos emergentes (FX e Bolsa, em especial). Todavia, se confirmando um cenário de menor crescimento global, existe um risco razoável do mercado ficar com um receio maior de uma recessão no mundo, criando um ambiente menos propício aos ativos de risco.


Um breve comentário sobre Brasil. O país passa por um momento distinto, muito particular. Como comentei pela manhã, nos mercados locais, minha impressão e que um número que não altere o status-quo pode vir a trazer fluxos para os ativos brasileiros, facilitando mais uma rodada de apreciação de Bolsa, Juros e Câmbio no curto-prazo. O número veio muito distante das expectativas, mas na direção de menor probabilidade de alta de juros nos EUA e, no curto-prazo, menos pressão sobre os emergentes. O número confirma minha impressão de que pode haver demanda por ativos locais, mas sigo com convicção maior nos juros dos que nos demais mercados.

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